ATA DA QÜINQUAGÉSIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 05-8-2002.

 


Aos cinco dias do mês de agosto de dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi efetuada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Beto Moesch, Ervino Besson, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Nereu D'Avila, Paulo Brum, Sebastião Melo e Sofia Cavedon. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Carlos Alberto Garcia, Carlos Pestana, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Estilac Xavier, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, Luiz Braz, Maria Celeste, Maristela Maffei, Pedro Américo Leal e Reginaldo Pujol. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Décima Nona Sessão Solene, que foi aprovada. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Aldacir Oliboni, o Projeto de Resolução nº 091/02 (Processo nº 2409/02); pelo Vereador Beto Moesch, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Carlos Pestana, o Projeto de Lei do Legislativo nº 153/02 (Processo nº 2585/02); pela Vereadora Clênia Maranhão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 148/02 (Processo nº 2545/02); pelo Vereador Ervino Besson, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Isaac Ainhorn, o Pedido de Informações nº 175/02 (Processo nº 2564/02); pelo Vereador Luiz Braz, 03 Pedidos de Providências; pelo Vereador João Carlos Nedel, a Indicação nº 034/02 (Processo nº 2603/02); pelo Vereador Nereu D'Avila, o Projeto de Lei do Legislativo nº 147/02 (Processo nº 2519/02) e o Projeto de Resolução nº 090/02 (Processo nº 2402/02); pelo Vereador Pedro Américo Leal, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 142 e 145/02 (Processos nºs 2387 e 2479/02, respectivamente); pelo Vereador Raul Carrion, o Substitutivo nº 03 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 010/93 (Processo nº 0507/93); pelo Vereador Sebastião Melo, 08 Pedidos de Providências e os Pedidos de Informações nºs 172, 173 e 174/02 (Processos nºs 2539, 2540 e 2546/02, respectivamente). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nºs 211/02, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 088/02, do Senhor Paulo Roberto Teixeira Guerra, Gerente da GTES - GEFIN - GF do BNDES; s/nº, do Senhor José Mardovan Carvalho Pontes, Gerente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, Ministério da Educação e Desporto; Comunicado nº 033613/02, da Senhora Mônica Messenberg Guimarães, Secretária-Executiva do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, Ministério da Educação e Desporto. Às quatorze horas e vinte e três minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e vinte e cinco minutos, constatada a existência de quórum. A seguir, o Senhor Presidente registrou o comparecimento dos Senhores Sheng Rongfa, Zhou Renyan, Lu Yunfu, Cheng Jian e Bian Fang, respectivamente Prefeito e Chefe da Delegação, Líder do Distrito Pingjiang, Secretário de Agricultura, Presidente da Cooperativa de Marketing e Abastecimento, e intérprete e Sub-Chefe do Escritório de Relações Internacionais da Cidade de Suzhou - China, convidando-os a integrarem a Mesa dos trabalhos e informando que Suas Senhorias se encontram em Porto Alegre para a celebração de convênios de cooperação entre as duas Cidades. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Sheng Rongfa que, em pronunciamento traduzido simultaneamente pelo Senhor Roberto Reis, teceu considerações a respeito de sua visita a Porto Alegre, agradecendo a recepção proporcionada pela Câmara Municipal de Porto Alegre aos integrantes da delegação de Suzhou. Às quatorze horas e trinta e sete minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e quarenta minutos, constatada a existência de quórum. A seguir, constatada a existência de quórum, foi aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador Juarez Pinheiro, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão, iniciando-se o GRANDE EXPEDIENTE, hoje destinado a homenagear o Comitê Municipal de Luta Contra a ALCA, nos termos do Requerimento nº 119/02 (Processo nº 2241/02), de autoria do Vereador Juarez Pinheiro. Compuseram a Mesa: o Vereador Paulo Brum, 2º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos; o Senhor Quintino Severo, Presidente da Central Única dos Trabalhadores - CUT - RS. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Juarez Pinheiro enfatizou a importância da discussão sobre os efeitos de um possível ingresso do Brasil na Área de Livre Comércio das Américas - ALCA, afirmando que o País estaria colocando em risco a manutenção de sua soberania. Também, apontou a ALCA como uma organização que tem por objetivo a sobreposição dos interesses comerciais dos Estados Unidos da América em detrimento da economia de outros países de menor poder econômico. A Vereadora Sofia Cavedon defendeu a ampliação do debate sobre a implementação da ALCA com todos os segmentos da sociedade, ressaltando que o tema possui um enfoque predominantemente econômico. Também, advertiu que esta Área sofre influência por parte de grandes corporações empresariais e está orientada no sentido de eliminar barreiras econômicas que venham a ser impostas por governos locais. O Vereador João Carlos Nedel opinou sobre as conseqüências de uma possível adesão do Brasil à ALCA, frisando que essa questão deve ser conduzida de forma isenta, evitando que a mesma seja abordada sob um enfoque ideológico e dogmático. Também, argumentou que o assunto enseja dúvidas, razão pela qual analisará detalhadamente as possibilidades existentes para assumir um posicionamento conclusivo quanto ao tema. O Vereador Juarez Pinheiro, em tempo cedido pelo Vereador Aldacir Oliboni, deu prosseguimento ao seu discurso, alertando sobre a possibilidade de os Estados Unidos da América utilizarem, na ALCA, critérios semelhantes aos da Área de Livre Comércio da América do Norte - NAFTA. Nesse sentido, advertiu sobre a possibilidade de o Brasil, juntamente com os demais países latino-americanos, assumirem posicionamento submisso em relação aos interesses de grandes corporações. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Quintino Severo, que destacou a importância da homenagem hoje prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre ao Comitê Municipal de Luta Contra a ALCA. Às quinze horas e vinte e oito minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e trinta e um minutos, constatada a existência de quórum. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Clênia Maranhão pronunciou-se sobre o transcurso, hoje, do Dia Nacional da Saúde, lembrando os avanços verificados na área do controle e prevenção de doenças graves. Também analisou a situação da saúde pública em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul, tecendo críticas à infra-estrutura de atendimento disponibilizada à população e abordando dados estatísticos relativos aos índices de mortalidade materna e de ocorrência de doenças respiratórias. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Adeli Sell criticou o comportamento do Vereador Sebastião Melo, atribuindo a Sua Excelência o incitamento de representantes das Vilas Cruzeiro e Tronco contra a Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do MERCOSUL. Também, propôs a realização, no ano que vem, do evento Quinzena da Gastronomia e solicitou aos Senhores Vereadores que fosse intensificada a votação das matérias constantes na Ordem do Dia. O Vereador João Antonio Dib relatou ocorrências no âmbito da Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do MERCOSUL, analisando a prática processual de apreciação de Emendas ao Projeto de Lei do Executivo nº 044/02 (Processo nº 2018/02), que institui as Diretrizes Orçamentárias do Município para o próximo ano. Ainda, questionou texto do Informativo da Comunidade das Vilas dos Comerciários e Tronco e atitudes adotadas pelo Vereador Sebastião Melo a respeito desse Informativo. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Haroldo de Souza, examinando o atual cenário político e eleitoral brasileiro, anunciou ter protocolado, no dia de hoje, Projeto de Lei que proíbe a afixação de faixas, cartazes e placas para divulgação de eventos, promoções, serviços e produtos de qualquer espécie, idéias ou pessoas, em postes, árvores, abrigos de paradas de ônibus, pontes, viadutos e similares, dentro dos limites do Município, a fim de inibir a poluição visual na Cidade. O Vereador Luiz Braz repudiou ações administrativas do Executivo Municipal, citando desvio de canalização do esgoto da Escola Estadual Oscar Coelho de Souza e situação vivida em residência localizada na Estrada do Varejão, Bairro Lami, com a hospitalização de criança com suspeita de leptospirose. Ainda, argumentou que a proliferação de ratos, face ao deficiente sistema de esgoto cloacal e pluvial em áreas da Cidade, tem propiciado o aumento do número de casos dessa doença. O Vereador Sebastião Melo, referindo-se às Emendas apresentadas por Sua Excelência ao Projeto de Lei do Executivo nº 044/02 (Processo nº 2018/02), que estabelece as Diretrizes Orçamentárias do Município, as quais foram rejeitadas na Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do MERCOSUL, examinou os procedimentos empreendidos nesse âmbito. Ainda, afirmou não ser responsável pela publicação do Informativo da Comunidade das Vilas dos Comerciários e Tronco. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Carlos Alberto Garcia referiu-se a ocorrências no âmbito da Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do MERCOSUL, relativamente à apreciação de Emendas ao Projeto de Lei do Executivo nº 044/02 (Processo nº 2018/02), que estabelece as Diretrizes Orçamentárias do Município. Ainda, falando sobre a relevância da regularização fundiária no Município, salientou que a comunidade precisa ser esclarecida a respeito dos trâmites regimentais deste Legislativo. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Antonio Dib discorreu sobre os diversos cargos que Sua Excelência desempenhou no Poder Executivo Municipal ao longo de sua vida pública. Também, avaliou a necessidade de que a Prefeitura Municipal de Porto Alegre possa contar com reservas de contingência no Orçamento Anual e questionou atitudes tomadas pelo Vereador Sebastião Melo no exercício do mandato de Vereador. Na ocasião, o Vereador Marcelo Danéris procedeu à entrega, ao Senhor Presidente, do Requerimento n° 132/02 (Processo n° 2612/02 - Solicita seja providenciada medida judicial cabível referente à concessão de liminar da suspensão da eficácia da Lei nº 7.109/92, que regula a abertura do comércio aos domingos), de autoria de Sua Excelência e outros. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador João Carlos Nedel discorreu sobre a disseminação de ações terroristas no mundo, analisando os fatores que conduzem à constituição e manutenção de organizações com essa finalidade. Ainda, repudiando as ações terroristas, externou preocupação quanto à situação político-religiosa verificada no Oriente Médio e à tendência de utilizar a idéia de Deus como justificativa para tais ações. O Vereador Carlos Alberto Garcia, retomando análise de fatos suscitados no âmbito da Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do MERCOSUL, relativos à apresentação de Emendas, de autoria do Vereador Sebastião Melo, ao Projeto de Lei do Executivo nº 044/02 (Processo nº 2018/02), que estabelece as Diretrizes Orçamentárias do Município, procedeu à leitura do Informativo intitulado "Tronco Informa", da Comunidade das Vilas dos Comerciários e Tronco. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Alberto Garcia deu continuidade à leitura do Informativo publicado pela Comunidade das Vilas dos Comerciários e Tronco, que apresenta interpretação dos fatos ocorridos na Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do MERCOSUL, acerca da apreciação de Emendas de autoria do Vereador Sebastião Melo. Ainda, discordou da interpretação adotada pelo referido Informativo e questionou a autoria do mesmo. Na ocasião, o Vereador Sebastião Melo formulou Requerimento verbal, solicitando fossem distribuídas aos Senhores Vereadores cópias do Parecer de autoria do Vereador Carlos Alberto Garcia, Relator, pela Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do MERCOSUL, do Projeto de Lei do Executivo nº 044/02 (Processo nº 2018/02). Em continuidade, o Senhor Presidente convidou os Senhores Vereadores para a solenidade de lançamento da Frente Parlamentar de Defesa da Criança e do Adolescente, a ocorrer no dia seis de agosto do corrente ano, às dezessete horas, no Plenário Aloísio Filho. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Carlos Pestana expôs a satisfação de Sua Excelência em integrar esta Casa e anunciou o Projeto de Lei do Legislativo nº 153/02 (Processo nº 2585/02), que institui o Dia da Democracia Participativa. Ainda, justificando a iniciativa de dedicar o dia onze de setembro para homenagear o Orçamento Participativo, lembrou destaque concedido por Relatório da Organização das Nações Unidas à democracia participativa em Porto Alegre. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER o Vereador Isaac Ainhorn, reportando-se ao discurso proferido pelo Vereador Carlos Pestana, solicitou reflexão de Sua Excelência sobre o tema. Ainda, analisando a divulgação conferida ao Orçamento Participativo, defendeu a idéia da institucionalização desse instrumento, bem como a sua regulamentação pelo Executivo Municipal, a fim de que o mesmo possa coexistir em harmonia com a democracia representativa. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Sebastião Melo, reportando-se ao teor de Informativo distribuído na Vila Cruzeiro, teceu críticas à atuação da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, especialmente no que se refere à execução do Programa de Orçamento Participativo e à forma como o Executivo Municipal aloca verbas públicas em rubricas orçamentárias destinadas a cobrir despesas com eventos surgidos em decorrência de casos fortuitos e motivos de força maior. Na ocasião, o Vereador Carlos Alberto Garcia informou ter participado, na manhã de hoje, como representante deste Legislativo, em solenidade alusiva aos trinta anos de existência da Escola Gema Belia. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Marcelo Danéris externou sua contrariedade às declarações efetuadas pelo Vereador Sebastião Melo em pronunciamentos anteriormente efetuados, aos informativos distribuídos por Sua Excelência e ao teor de Informativo distribuído na Vila Cruzeiro, no qual constavam informações alusivas a Emendas apresentadas pelo Vereador Sebastião Melo ao Projeto de Lei do Executivo n° 044/02, que estabelece as Diretrizes Orçamentárias do Município para o próximo ano. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador João Antonio Dib discorreu sobre os posicionamentos adotados por Sua Excelência ao longo de sua vida pública, especialmente nos períodos em que exerceu o cargo de Diretor-Geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos - DMAE. Nesse sentido, lamentou a forma como Sua Excelência foi citado em Informativo distribuído na Vila Cruzeiro, destacando que as atividades políticas devem ser exercidas de forma responsável, sempre em busca do bem comum. O Vereador Ervino Besson analisou os índices de criminalidade atualmente verificados em Porto Alegre, citando ocorrências policiais verificadas na Zona Sul da Cidade, praticadas por menores. Também, reportou-se à proposta de modificação do Código Penal Brasileiro, no que tange à prisão em flagrante e relatou Reunião Ordinária da Comissão de Saúde e Meio Ambiente no dia dois de agosto do corrente, na qual foram debatidos problemas enfrentados pelos profissionais da Medicina que trabalham em Porto Alegre. Na oportunidade, o Senhor Presidente destacou a importância de que, durante as Sessões Plenárias, sejam observadas as normas da legislação eleitoral que vedam a emissão de opiniões que possam ser consideradas como propaganda irregular. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Elói Guimarães manifestou-se sobre o corte de verbas promovido pelo Governo Federal em relação às Forças Armadas brasileiras, externando sua contrariedade a essa medida, comentando os efeitos que essa decisão acarretou para a sociedade brasileira, especialmente quanto aos jovens que se encontram em idade de prestação do serviço militar obrigatório e informando que solicitará a realização de homenagem alusiva ao Dia do Soldado. O Vereador Dr. Goulart teceu considerações sobre a Reunião Ordinária da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, realizada no dia dois de agosto do corrente, a qual foi solicitada por representantes dos profissionais da Medicina na Cidade e na qual foram debatidos os principais problemas enfrentados pela categoria no exercício de suas atividades, especialmente quanto às condições de funcionamento dos postos de saúde do Município e às políticas praticadas pelos Executivos Municipal, Estadual e Federal quanto à saúde pública. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Resolução n°s 018 e 080/02, o Projeto de Lei do Executivo n° 045/02, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica n° 004/02, os Projetos de Lei do Legislativo n°s 131/02, discutido pelo Vereador João Carlos Nedel, 132 e 130/02, este discutido pelos Vereadores João Antonio Dib e João Carlos Nedel; em 3ª Sessão, o Projeto de Resolução n° 061/02. Na ocasião, o Vereador João Antonio Dib formulou Questão de Ordem relativa à regimentalidade da instalação de Comissão Especial para analisar o Projeto de Lei Complementar do Executivo n° 001/01 (Processo n° 0692/02), que dispõe sobre o Departamento Municipal de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Porto Alegre. Às dezessete horas e cinqüenta e dois minutos, constatada a inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Carlos Alberto Garcia, João Carlos Nedel, Paulo Brum e Aldacir Oliboni e secretariados pelos Vereadores João Carlos Nedel e Paulo Brum. Do que eu, João Carlos Nedel, 1° Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e assinada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Havendo quórum, passamos ao comparecimento do dia de hoje.

Vamos suspender os trabalhos para que possamos readequar a ordem de funcionamento da Sessão.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h23min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia – às 14h25min): Estão reabertos os trabalhos. Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, é com muita alegria que esta Casa recebe, no dia de hoje, uma delegação do Governo de Suzhou - China. Estávamos na sala da Presidência, quando nos relatavam que sua Cidade, embora pequena, possui cinco milhões de habitantes, mostrando o que é a realidade da China. É uma Cidade que está fazendo um intercâmbio cultural, econômico, político e administrativo e que, em breve, poderá ser cidade-irmã de Porto Alegre, a exemplo de Nagasaki, de onde, na semana passada, recebemos a visita de uma delegação, da qual inclusive o Ver. João Dib fez parte para recebê-los. Estamos recebendo hoje o Sr. Sheng Rongfa, que representa o Prefeito daquela cidade; o Sr. Zhou Renyan, Líder do Distrito Pingjiang; o Sr. Lu Yunfu,  Secretário de Agricultura; o Sr. Cheng Jian, Presidente da Cooperativa de Marketing e Abastecimento; o Sr. Bian Fang, Subchefe do Escritório de Relações Internacionais da cidade de Suzhou e inclusive tradutor do grupo.

Já demos as boas-vindas da Cidade, entregamos o livro de poesias da Câmara. Eles gostaram da nossa Cidade e colocamos a eles que aquele livro retrata um pouco do sentimento, das poesias e fala muito daquilo que nós orgulhosamente chamamos de o pôr-do-sol mais bonito do mundo. Às 17h eles vão estar com o Prefeito João Verle, assinando uma carta de cooperação, um intercâmbio entre os dois municípios.

O Sr. Sheng Rongfa, representante do Governo de Suzhou, está com a palavra.

 

O SR. SHENG RONGFA (com tradução do Sr. Roberto Reis): Querido Presidente, senhores representantes deste Parlamento, boa-tarde. Obrigado por convidar a delegação de Suzhou a visitar a maravilhosa cidade de Porto Alegre. Mais tarde ele também agradecerá pela assinatura da carta de intenções com o Prefeito de Porto Alegre.

Ele está muito honrado por estar aqui presente e pela oportunidade que estão-lhe oferecendo de encontrar aqui os Srs. Vereadores.

Nós temos uma origem comum, e em 1992 nos encontramos, a cidade de Porto Alegre e Suzhou, em Kanasawa, num encontro de times de danças.

Depois desse encontro deram-se iniciativas a correspondências e intercâmbios para contatos e visitas mútuas.

Temos, agora, em comum, exatamente desenvolver esses laços de amizade e intercâmbios, em geral.

O representante de Suzhou espera que após essa carta de intenções nós possamos também assinar a Carta de Cidades Irmanadas, cidades-irmãs, entre Porto Alegre e Suzhou.

Ele também espera que tenhamos várias cooperações em diversos níveis de intercâmbio, especialmente na área do futebol que é muito popular, e é sabido o alto nível de futebol que nós temos aqui.

Ele gostaria de convidar também os times daqui de Porto Alegre para que fossem até Suzhou.

Suzhou é uma cidade muito desenvolvida para os padrões da China. Suzhou também é uma cidade cultural; tem mais de 2.100 anos de tradição. A história da fundação da cidade remonta há 2.500 anos. Suzhou é uma cidade aberta. Eles têm um histórico de irmandade com outras cidades como no Canadá, na França, e em muitos outros países. Ele gostaria que tivesse uma proximidade maior com Porto Alegre no campo dos esportes, da educação, da cultura e em outras áreas também. Gostaríamos de convidar a todos os presentes, assim como a população de Porto Alegre, que fossem a Suzhou e visitassem a cidade. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Queremos mais uma vez agradecer a visita da delegação de Suzhou e dizer da alegria da nossa Cidade em recebê-los. O povo da cidade de Porto Alegre tem a característica de acolher e acolher bem todos aqueles que a visitam. Temos certeza de que o fruto desta visita será em benefício dos cidadãos tanto de Porto Alegre como de Suzhou, tanto na área econômica, cultural, desportiva e na área educacional.

Agradecemos a visita, e esta Casa coloca-se à disposição de todos. Faremos um rápido intervalo de dois minutos para as despedidas a fim de que os Vereadores possam conhecer os membros dessa delegação. Muito obrigado.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h37min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia – às 14h40min): Estão reabertos os trabalhos.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro que seja invertida a ordem dos trabalhos para que passemos, de imediato, ao período do Grande Expediente, pois temos hoje uma homenagem ao Comitê Municipal de Luta Contra a ALCA.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Em votação o Requerimento do Ver. Juarez Pinheiro. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

Hoje, período destinado a homenagear o Comitê Municipal de Luta Contra a ALCA.

O Ver. Juarez Pinheiro, proponente desta homenagem, está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, Sr. Quintino Severo, Presidente da Central Única dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul; Sr. Paulo Barella e Sr. Paulo Dill, representantes do Comitê Municipal de Luta Contra a ALCA e das suas estruturas sindicais.

Queremos dizer, inicialmente, Ver. Pedro Américo Leal, que, pelo segundo ano consecutivo, utilizamos o nosso espaço de Grande Expediente para fazermos uma discussão sobre a ALCA – Área de Livre Comércio das Américas. Fazemos isso, Ver. João Antonio Dib, pelo entendimento de que não há na pauta deste País e deste Continente outro assunto de maior importância, que toque mais a vida dos cidadãos deste Continente do que discutirmos essa imposição americana que, se não nos mobilizarmos - trabalhadores, parlamentares, população - acabaremos por infelicitar a vida de brasileiros e de todo o continente Latino-Americano.

Fazemos também, pela segunda vez, esta discussão, priorizando este debate, em vez de outras homenagens, porque é, na verdade, um tema que trabalhamos em nosso mandato como tema principal, mais até do que outros que fazemos, como a questão da defesa dos consumidores, que tem na Ver.ª Clênia Maranhão, aqui, uma expressão importante, com a qual nós também colaboramos.

Entendemos que a questão da ALCA, a resolução, Ver. Ervino Besson, dessa questão, significará se vamos continuar tendo, Ver. Marcelo Danéris, um País soberano ou se vamos retornar a ser colônia. Nós vamos decidir se vamos ou não legar aos nossos filhos, aos nossos netos uma Pátria ou se vamos legar apenas uma triste colônia explorada pelos países ricos.

Há muito, eu venho debatendo este tema e tenho, sempre que posso, declarado que – Ver. João Carlos Nedel, que, esta semana, inclusive, me solicitou um material sobre a ALCA para fazer uma discussão no interior do Estado – a tese dos blocos econômicos, muito mais do que significar a união de alguns países para enfrentar os de fora, a união de países mais fracos, talvez, para enfrentar um país mais forte, muito mais do que isso, ela significa, na verdade, uma estratégia do imperialismo, do capitalismo internacional que passa – vejam bem, eu estou fazendo uma crítica aqui sobre uma estrutura política – por um período de crise estrutural e que, para se manter, precisa se utilizar, utilizando inclusive a força, de recursos financeiros, do seu poderio cultural para abrir os mercados dos países pobres, dos países periféricos, para pilhar os seus recursos públicos, para possibilitar a livre circulação de capitais e mercadorias, para diminuir, companheiro, Presidente da CUT, o custo do trabalho para que possam, os grandes monopólios privados, as grandes empresas transnacionais, auferirem ainda maiores lucros.

Nós vivemos, hoje, diferentemente do período que saímos da Guerra Fria, uma nova ordem internacional. E o Ver. Pedro Américo Leal sabe muito bem que essa nova ordem internacional tem duas pilastras principais. A primeira delas são os blocos econômicos, a tese dos blocos econômicos, para saquear os países pobres; e a outra, também, extremamente infeliz para a maioria das pessoas que moram nos países periféricos, é a política de escravidão, por intermédio da imposição de políticas de endividamento, para manter os países pobres eternamente dependentes dos países ricos.

A ALCA é um sonho dos americanos que vem desde James Monroe, do século passado; que passa por Reagan, que dizia que queria uma América que fosse do Alasca à Patagônia; que chega no pai do atual Presidente George Bush – esse é o George W. Bush, que queria uma América para os americanos.

A ALCA significa, mais do que nunca, uma estratégia americana para imposição dos seus interesses, para superar a perda de mercados. Isso significa, Ver.ª Clênia Maranhão, o que é pior, a subtração de espaços democráticos, para que o interesse das grandes empresas, das empresas transnacionais, possa ser priorizado. Só esse motivo, o motivo de retirada do espaço da democracia, razões de colocar o interesse das empresas acima dos interesses maiores das populações dos diversos países, já nos dá a total clareza de que precisamos dizer não à ALCA; precisamos dizer sim à vida, sim ao meio ambiente. E falo em meio ambiente, Ver. Marcelo Danéris, porque é um tratado que, além de retirar a soberania dos países, impede que os países elaborem legislações de proteção ao meio ambiente, que venham trazer prejuízos, segundo eles, à circulação de capitais e de mercadorias.

Os Estados Unidos querem exigir, para satisfazer os seus interesses econômicos, das suas corporações, esse acordo, mas não permitem, sequer, que o cidadãos do México tenham também a livre circulação. Querem circulação de capitais, de mercadorias, querem o livre comércio, que, na verdade, é só de uma mão, só vem de lá para cá, porque retira esse acordo apenas das barreira tarifárias. Ou seja, os Estados Unidos da América, que, sozinhos têm quase 83% da riqueza do Continente, vão ter de competir conosco, que temos, somados a Uruguai, Argentina, Paraguai, apenas 8%, Presidente Quintino. Como vamos unir economias tão díspares, economias tão diversas, com níveis de desenvolvimento tecnológico tão expressivamente diferentes? E, quando nós queremos exportar os nossos produtos, os arautos do livre comércio inventam teses de problemas dito sanitários, de problemas não-sanitários e nós lembramos o que foi, por exemplo, Ver. Pedro Américo Leal, a questão da “vaca louca”. Na verdade tratava-se de uma disputa entre a EMBRAER e uma empresa canadense, e, em retaliação à vitória da empresa brasileira, os que defendem o livre comércio - e sempre fortalecem os mais fortes -, os mais ricos inventaram uma patologia que sequer existia no rebanho brasileiro, que é a questão da “vaca louca”; que sempre existiu, há muito tempo, nos rebanhos europeus, mas aqui não havia. Mas era uma retaliação através de barreiras não-tarifárias, porque eles querem tirar apenas as barreiras tarifárias, possibilitando que a sua indústria venda qualquer produto sem pagar qualquer imposto no nosso País - mesmo industrializando o nosso País -, tirando empregos, precarizando as relações de trabalho, e, o pior de tudo, subtraindo a soberania do País e retirando espaços da democracia.

Nós temos uma tarefa urgente – entendo, inclusive, que é superior à eleição para Presidente neste País -, nós temos de cobrar daqueles que querem dirigir este País: qual a sua posição sobre a ALCA? Defendem ou não a ALCA? Se eleitos, vão implementar a ALCA ou não vão implementá-la?

A ALCA significa, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, portanto, a retirada da soberania do País, a volta a sermos colônia! E, portanto, não há tema mais importante que toque mais a vida, que toque mais os nossos povos do Brasil e da América Latina, que discutirmos, neste período em que se estabelece a sucessão presidencial, qual a posição: a favor ou contra à ALCA? Quem defende a ALCA quer ser colônia; quem defende um Brasil soberano, com os trabalhadores recebendo uma remuneração justa para o seu trabalho, um país que possa assentar-se no contexto internacional, como um país que tenha voz, que tenha personalidade jurídica, política, defende contrariamente à ALCA.

Por isso, Barella, meus parabéns ao Comitê Municipal, que, em tão boa hora, traz essa luta a toda a Cidade, e parabéns a todos os cidadãos e cidadãs desta Cidade, que têm a clareza, apesar da mídia, apesar de o Governo Federal impedir a discussão de tema tão importante para a vida dos brasileiros, têm a energia, têm a força, têm a clareza e a inteligência de chamar à colação o tema mais importante que este País tem para decidir: se quer ser colônia ou se quer ser um país soberano. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra em Grande Expediente.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente em exercício, Ver João Carlos Nedel, Sr. Paulo Barella e Paulo Dill, senhores sindicalistas que compõem o Comitê, que está dinamizando, aqui, o plebiscito sobre a ALCA, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores. Quanto a esse tema, já temos um grande mérito no Brasil, ou seja, de tornar necessária a discussão de algo há tanto tempo considerado como assunto de economistas, de técnicos, de governos e de políticos - devido ao esforço que está-se fazendo neste País em torno do plebiscito -, pois é necessário que o mais simples dos cidadãos tome conhecimento, se informe e se posicione.

Quero parabenizar o Ver. Juarez Pinheiro, que, além da sua militância de longo tempo em torno dessa questão, também chama este momento para o debate sobre a ALCA. Porque a vantagem do jeito que fazemos política e do jeito que militamos - pois muitas vezes aqui se diz que: “Ah, são Vereadores federais” - é mostrar a necessidade e a urgência de discutir esses temas, que longe de serem algo da superestrutura, que nunca chegarão nas nossas vidas, são temas que incidem diretamente sobre a qualidade de vida, sobre a nossa possibilidade de sobrevivência, sobre a nossa possibilidade de emprego. Por incrível que pareça, por mais que milhões de pessoas tenham se mobilizado nas grandes reuniões do G-7, nas reuniões do Banco Mundial, apenas quem está podendo participar da construção desse Acordo de Livre Comércio das Américas são os empresários. E nós sabemos que os interesses dos empresários, não de forma geral, mas dos grandes empresários multinacionais estão longe de coincidir com os interesses do meio ambiente, da saúde da população, da soberania dos nossos povos, por mais que a população se mobilize, grite, faça grandes marchas, seja barrada - e é barrada por policiais, por cães, por barreiras -, não interessa que a população, que o cidadão comum discuta sobre a Área de Livre Comércio. Mas, segundo Maude Barlow, que é a Presidente do Conselho de Cidadãos Canadenses, o relatório, o estudo que ela fez no Canadá sobre a questão da ALCA informa que as empresas, sim, estão bem estruturadas e participando da elaboração dos acordos; que são elas que aconselham os negociadores americanos e que mais de quinhentos representantes de empresários têm segurança, permissão e acesso aos documentos da ALCA; que foi constituído um comitê consultivo, comercial, nos Estados Unidos; que existem comitês, que existe ampla participação, pressão dos grupos empresariais; que são eles que estão determinando, junto com os governos dos Estados Unidos e do Canadá, os termos desse acordo que querem impor a todos os países da América. E esse acordo, já dizia aqui o Ver. Juarez Pinheiro, longe de ser um acordo de integração cultural, de parceria, de solidariedade com os povos, é um acordo para desregulamentar totalmente a economia e diminuir sensivelmente ou abruptamente a capacidade de intervenção dos estados nacionais na economia. A intenção é eliminar todas as barreiras que possam ser interpostas por governos locais, por exemplo, na área de serviços. O Ver. Juarez Pinheiro falou aqui dos produtos; vamos tratar um pouco dos serviços que Maude nos traz. Serviços públicos, serviços de proteção ao meio ambiente, médicos, segurança, educação, leis do tipo das que foram aprovadas aqui na Assembléia Legislativa, há pouco, no sentido de que tem de haver um plebiscito sobre o BANRISUL, serão consideradas ilegais pelo Acordo de Livre Comércio das Américas, porque os governos locais não podem interpor barreiras para o mercado disputar os serviços prestados nos países. Esse é um dos itens. E mais: as empresas ganham grandes poderes e tribunais específicos para defender seus interesses, inclusive processar, como já há processos onde existem acordos bilaterais da NAFTA, no sentido de processar os governos locais se elas perderem, se elas tiverem prejuízos ou se elas tiverem menos lucros por conta de leis que exigem proteção aos trabalhadores, que exigem subsídios para a saúde, para a segurança, que exigem cuidados ambientais. Até por isso as empresas, se sofrerem, se lucrarem menos em função dessas leis, dessa ação governamental que protege os trabalhadores em seus países, vão poder processar esse país, como já temos exemplo. O texto que pouco se conhece e que está sendo debatido não inclui proteção nenhuma aos trabalhadores, aos direitos humanos, à segurança social, ambiental e à saúde. É a desregulamentação total, é a livre incidência do mercado sobre os países, total abertura e garantia de possibilidade de lucro e de comércio. Ela nos traz ainda que, nos acordos já implementados, já podemos ler os efeitos - acordos que já existem, bilaterais, como o NAFTA, com o México. Esses acordos que se quer estender a toda América já trouxeram conseqüências aos países, tais como abandonar a sua própria indústria doméstica em benefício dos interesses empresariais. Os melhores terrenos agrícolas estão sendo designados para culturas de exportação, para quê? Para a liquidação de dívidas nacionais. Em todos os países nós já estamos vivendo isso sem a ALCA, imaginem com a ALCA; todos os países estão tendo que diminuir despesas em programas sociais, em assistência, em previdência, em educação. Todos os países estão sendo obrigados a liberar setores como eletricidade, transportes, energia, recursos naturais. É a exacerbação da privatização: privatização dos serviços básicos, aos quais a população não terá acesso se não forem públicos.

Portanto, a ALCA, do jeito que está sendo construída, ou seja, por empresários, a portas fechadas, sem a possibilidade da participação popular, tem um único objetivo, que é submeter todas as economias da América Latina à lógica de acumulação de capital. Nós fazemos bem, e parabenizo a CUT por assumir com firmeza isso e por levantar esse debate. Nós devemos fazer um plebiscito e, com muita firmeza, dizer não, afirmando ao nosso povo, afirmando a soberania e a possibilidade da vida, porque a ALCA é a morte em escala, que é o que já temos e é o que está prometido com esse novo acordo. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra no Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Beto Moesch.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente Paulo Brum, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, ilustre Sr. Quintino Severo, Presidente da CUT no Rio Grande do Sul, líderes sindicais Paulo Barella e Paulo Dill, que muito nos honram com suas presenças, estamos homenageando, nesta data, o Comitê contra a ALCA. Eu, nesta semana, fui convidado para conversar sobre a ALCA e obtive algumas informações também com o Ver. Juarez Pinheiro, que foi muito gentil em me prestar informações. Eu também pesquisei, e tudo aquilo que eu pouco entendo, Ver. Pedro Américo Leal, procuro entender, procuro informação, procuro estudar para, depois, ter uma posição adequada e responsável.

Estou vendo que há um debate, no Brasil, essencialmente dogmático, ideológico com relação à ALCA, e não um debate equilibrado, pensado, estudado, profundo. Vejo que estão ressuscitando aqueles velhos chavões: imperialismo, ianque, essas coisas todas que já estão ultrapassadas; então, eu procurei estudar e estou longe ainda de ter uma definição, porque o assunto, efetivamente, é complexo.

Estava pesquisando, agora, na Internet, Ver. Pedro Américo Leal, e só a minuta de acordo no capítulo dos direitos da propriedade intelectual já é um caderno de umas trinta e poucas páginas. Imaginem todos os outros itens como devem ser profundos. Exigem um estudo, principalmente na hora de aproximar os trinta e quatro países da América Latina que irão fazer parte ou não irão fazer parte da ALCA. Somente quanto a isso, vejam a complexidade dessa negociação profunda.

Temos três possibilidades: a primeira é o Brasil entrar na ALCA, por meio de uma negociação boa, profunda, que seja realmente importante para o nosso País e nós fazermos o possível para que todos os países mais pobres, emergentes, ganhem nessa negociação.

O Ver. Juarez Pinheiro falou muito bem aqui: os Estados Unidos já detêm 75% da economia da América...

 

O Sr. Pedro Américo Leal: Oitenta por cento.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Setenta e cinco por cento. Até oitenta por cento pode chegar, mas fica nessa faixa, é próximo.

E eu, examinando o mercado da América Latina, verifiquei que os Estados Unidos tiveram, no ano de 2000, 690 milhões de dólares de exportação, e de importação, Ver. Pedro Américo Leal, 1 bilhão e 152, ou seja, 400 milhões de dólares que perdem os Estados Unidos na balança comercial; importa mais do que exporta. E o Brasil importa 55 milhões de dólares e exporta 49, ou seja, aproximadamente 5% dos negócios, somente 5%. Ou os Estados Unidos realmente vão tomar conta do nosso pouco comércio, ou nós nos vamos beneficiar desse imenso comércio que é os Estados Unidos.

Três pontos são prováveis: primeiro, o Brasil participar da ALCA e ter acesso a um comércio mais amplo. Evidente que, para isso, haverá de ter compatibilização das nossas leis internas, da nossa legislação trabalhista, das leis antidumping; uma série de legislações que temos que harmonizar com as Américas. E isso obriga a que nós, finalmente, tomemos consciência dos problemas que temos. Esta é uma possibilidade: acesso a mercados restritos, especialmente os Estados Unidos; reforma das instituições, isso irá acontecer; maiores vendas, porque nós teremos acesso a mercados maiores.

A outra possibilidade é a de que a ALCA não se concretize. Neste caso, vamos permanecer da mesma forma. A ALCA não se concretiza, e o Brasil continua com as suas dificuldades.

A terceira possibilidade é a de que a ALCA se concretize, mas sem o Brasil. E o que irá acontecer se a ALCA se concretizar e o Brasil não participar? Ficaremos isolados e sem acesso a esses mercados.

Mas, efetivamente, nós temos pontos, Ver. Juarez Pinheiro, que são muito importantes. O primeiro ponto é a falta de credibilidade que temos junto aos Estados Unidos, ou seja sobre os Estados Unidos. Por que será que os Estados Unidos insistem tanto nesse acordo? Irá ter que compatibilizar as nossas leis trabalhistas. A perda dos direitos dos trabalhadores deve ser analisada.

O grande perigo é o de continuarmos sendo exportadores só de matérias-primas, só de commodities, e os Estados Unidos exportarem as suas matérias-primas devidamente industrializadas, agregadas à sua tecnologia.

Outro perigo é o mercado financeiro livre, movimentações de capital sem controle; é um grande perigo. E outro perigo é o controle das patentes e do royalt.

Então, eu prefiro, para ter uma posição mais adequada, estudar mais profundamente.

A ALCA é uma grande oportunidade, mas também um grande risco.

E sobre o plebiscito, não é adequado chamar-se de plebiscito uma consulta; este termo é ilegal, pois o plebiscito é prioridade, somente é possível pelas Casas Legislativas, Estaduais, Federais e Câmara de Vereadores; não pode ser da iniciativa privada ou de entidades sociais.

Fico aqui com a preocupação dos riscos da ALCA, mas também com a possibilidade de imensas oportunidades. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Aldacir Oliboni.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, caro Quintino, Presidente da CUT, cara Vera Guasso, Presidenta do Comitê Municipal de Luta contra a ALCA, que já está conosco, eu respeito o contraponto, Ver. João Carlos Nedel, acho importante que V. Ex.ª venha para este debate sobre a questão da ALCA, mas, logicamente, tenho totais divergências com as colocações as quais respeitosamente passo, em parte, a refutar.

Quero apenas pegar, inicialmente, uma questão que a Ver.ª Sofia Cavedon pegou com muita qualidade, uma coisa de que não se falou aqui, Presidente Quintino e Ver. João Carlos Nedel: o que a OMC – Organização Mundial do Comércio, o que o FMI não conseguiu com o acordo multilateral de investimento chamado AME, que era se apropriar - para as grandes empresas, para os grandes monopólios - do setor de serviços. O que nem a NAFTA, que é a junção dos Estados Unidos, Canadá e México, tem, o acordo, Ver. João Carlos Nedel - que agora começa a estudar, começou na semana passada -, proposto pela ALCA, incorpora as piores teses do AME, que é o acordo mais nefasto contra a população do planeta que alguém já constituiu e que na Europa, a partir de movimento dos trabalhadores da OIT, principalmente na França, conseguiram derrotar o chamado acordo multilateral de investimentos.

Apenas, Ver. Elói Guimarães, para chamar a atenção: qualquer licitação que a Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre, Presidenta Vera Guasso, venha a fazer, por exemplo, para vender merenda, todas as grandes empresas da América têm de ser comunicadas. E isso está nesse material que o Ver. João Carlos Nedel começa a estudar. Eles querem tomar conta também dos serviços, eles querem tomar conta de tudo. É um absurdo! A diferença do tamanho da economia que tem o NAFTA para os países da América Latina é um absurdo. A diferença tecnológica é absurda.

Na verdade, é um processo de neocolonização. É um aperfeiçoamento. E eu brinco, Ver. Pedro Américo Leal, e até aproveito o ensejo para dizer ao Ver. João Carlos Nedel, que começa a estudar a matéria - respeitosamente assisti à sua intervenção -, que a ALCA significa a morte cerebral de uma doença que se inicia com a dívida interna, que, por exemplo, em 1994, era de 64 bilhões de reais, hoje é de 700 bilhões de reais; a dívida externa era de 130, hoje é de 700 bilhões de reais. E o Plano Real foi o momento em que este País foi para a UTI. O Plano Real é nada mais, nada menos do que a réplica aperfeiçoada do Consenso de Washington, quando os americanos, já não conseguindo mais receber os capitais dos países pobres através de uma semi-escravidão, elaboraram um tipo de estrutura econômica que foi imposta para os países da América Latina, que tirava dinheiro - e tira até hoje - da área social, da saúde, da educação, da pesquisa para que possam, os países pobres, mandar, a cada final de mês, para as matrizes das corporações dos Estados Unidos esses juros, e ao capital financeiro internacional.

A ALCA é a morte cerebral, o Plano Real foi o encaminhamento do paciente para a UTI. E a grande questão toda da ALCA é a seguinte: não bastando mais retirar dinheiro da saúde, da educação, da área social, eles querem, agora – porque os países já não têm mais de onde tirar -, apropriar-se de forma definitiva. E o princípio da igualdade, Ver. João Carlos Nedel? Como vamos juntar economias tão diversas? Nós estamos decidindo agora é o nosso destino.

Quero citar o caso do México. No México, antes da NAFTA, havia 49% das famílias vivendo em pobreza. Sabe quantos são agora, Ver. João Carlos Nedel? São 75% das famílias mexicanas vivendo na pobreza, mostrando que esses acordos interessam apenas aos países ricos e não aos países com tecnologias deficientes, incipientes, diversas e pequenas. É isso, ou nós vamos ter a coragem de não fazer disputa partidária, pensarmos no País e dizermos “não” à ALCA, dizermos “não” à retirada de direitos trabalhistas. Porque o que se vê no México e se vê inclusive nos Estados Unidos é que os trabalhadores, nesse período do NAFTA, perderam conquistas históricas. E é o que já está-se fazendo aqui neste País com as alterações da CLT, recentemente efetivadas; é uma antecipação da ALCA.

Existe, Ver. João Carlos Nedel, um diplomata - que não é do PT e não fala em imperialismo, como eu - chamado Samuel Pinheiro, que chefiava um grupo de estudos e que teve a “coluna vertebral” de dizer: “Eu não fico com essa tese.” E o Governo Federal o retirou do Itamaraty, porque ele dizia: “Há vida além da ALCA”. Ele mostrava que antes do período de globalização, Ver. Isaac Ainhorn, nós detínhamos 11% do comércio internacional, e agora, iniciado o período de globalização, nós restamos com 4% do comércio internacional. O episódio da “vaca louca” foi um bom momento para os brasileiros entenderem os reais intentos da tese de livre comércio; uma tese liberal que só favorece os ricos, em detrimento dos pobres. O que eles querem agora, não tendo mais de onde retirar do orçamento do nosso País, já que levam metade dos recursos orçamentários da União, ao fim de cada mês, para fora? Eles querem a propriedade total. Eles querem superar os espaços da democracia, eles querem um país de cócoras, o Brasil e a América Latina. Portanto, não há como termos vacilações, independentemente inclusive de posições ideológicas que tenhamos. O que está claro é que há uma nova ordem internacional, composta pelos países do G8, com seus organismos auxiliares - a OMC, o FMI - e que a ALCA é pior que a NAFTA nas suas cláusulas. É bom pegar, Ver. João Carlos Nedel, V. Ex.ª, que está estudando, e verificar que, nesses quinze grupos de estudos, não existe um sequer que trate de garantir as conquistas dos trabalhadores. Só se trata de garantir o direito do capital explorar cada vez mais esta pobre América Latina! Só se trata de garantir o direito das grandes corporações dos monopólios privados.

Portanto, este é um debate importante. E eu repito: seria bom que todos os candidatos a Presidente deste País dissessem qual a sua posição. “Não” à ALCA é soberania! Aqueles que vacilam querem ser colônia! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Sr. Quintino Severo, Presidente da CUT/RS, está com a palavra.

 

O SR. QUINTINO SEVERO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Ver. Paulo Brum. Ver. Juarez Pinheiro, eu quero parabenizá-lo pela iniciativa de, nesta Sessão Especial, homenagear o Comitê. Quero cumprimentar também todos os Vereadores e Vereadoras desta Casa e os companheiros Paulo Dill, Paulo Barella e Vera Guasso, que são da direção e militantes da nossa Central.

Eu quero dizer que para nós este debate sobre a ALCA não é um debate meramente ideológico, não é um debate de retórica. Nós temos visto manifestações de vários setores da sociedade que têm demonstrado e levantado dados do que vai significar para todos nós se houver a implantação da ALCA. Refiro-me, inclusive, a dados levantados pela própria FIESP, a Federação das Indústrias de São Paulo, em que o seu Presidente, o Piva, afirma que, se a ALCA for implantada no Brasil ou no Continente, da forma como está sendo proposta, ela vai sugar do nosso País, só no primeiro ano, somente no setor da indústria, mais de um bilhão de reais. É o quanto vamos perder com a implantação da ALCA.

Portanto, não se trata de um debate ideológico ou de um debate daqueles que são do contra. Trata-se de um debate de preservação da nossa Nação, de preservação da nossa soberania e de preservação do nosso meio ambiente, inclusive, porque dentro da ALCA já está incluída a Base de Alcântara, que é uma realidade em nosso País, onde já perdemos a soberania em boa parte do Maranhão, onde, se os brasileiros quiserem entrar, precisam de licença, e os americanos, para circularem em nosso País, sequer pedem licença.

Portanto, essa é a ALCA, isso é o que países, como os Estados Unidos, estão propondo para o resto do continente, em especial para os países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, como o Brasil.

Entendemos que esse momento do plebiscito é o momento para fazermos um debate aberto e não às escondidas, como está sendo feito entre quatro paredes, onde apenas os Chefes de Estado e os nossos Ministros discutem a questão da ALCA, sem que sociedade, sem que os trabalhadores, sem que o povo fique sabendo do que está sendo tratado. Para nós, até agora, a ALCA é uma caixa de surpresas, é uma caixinha que não se sabe o que tem lá dentro. Nós queremos que essa caixa seja aberta para que todos possam conhecê-la, saber o que está acontecendo e quais serão as conseqüências. Não temos dúvidas de que todos os indícios até agora indicam que a conseqüência será nefasta, para os trabalhadores em especial.

Há alguém aqui neste Plenário que acredita que um país, que detém 74% do PIB do continente, vá fazer qualquer tipo de organização, qualquer tipo de proposição para distribuir a sua riqueza com os pobres? Alguém aqui acredita em Papai Noel ou que um país, como os Estados Unidos, pretenda distribuir a sua riqueza com o resto da América?

Quero dizer que nós, da CUT, nós, do movimento sindical, não acreditamos nessa proeza. É por isto que nós estamos organizando esse comitê, estamos organizando essa campanha: para fazer desse plebiscito ou dessa consulta, como disse o Vereador, que seja transmitido para a sociedade que faça deste momento um momento de debate, um momento de reflexão sobre as conseqüências, sobre aquilo que nos espera. Se nós olharmos para os nossos vizinhos, nós veremos que o imperialismo - e eu sou daqueles que tenho presente a palavra “imperialismo”, porque acho que o imperialismo tem destruído vidas e vidas neste mundo afora -, aqueles que ditaram regras para a Argentina, fizeram com que ela quebrasse, e hoje nem sequer têm a dignidade de emprestar ou de dar a mão para ajudá-la a se recuperar. Pois é isto que vai acontecer para os nossos países, é isto que eles querem com a implantação da ALCA: transformar toda a América Latina numa Argentina arrasada como está hoje, para que eles possam dominar, para que eles possam impor a sua vontade e o seu desejo de dominação.

É por isso, senhores e senhoras, que nós organizamos esse plebiscito, ou essa consulta, como queiram chamar, e estamos, com um calendário, afirmando esse debate. Afirmamos e demonstramos que é possível que os povos se unam, como fizemos no dia 2 de agosto, na sexta-feira, na fronteira com a Argentina, onde milhares e milhares de trabalhadores argentinos, uruguaios e brasileiros deram a maior demonstração de unidade e de defesa da nossa Pátria e de defesa de nossas nações, fazendo a grande marcha que unificou os povos em defesa da sociedade, em defesa do povo contra a ALCA, contra a implantação desse domínio, porque, na verdade, a ALCA não é a Área de Livre Comércio, é a anexação de nossos países ao país maior, o norte-americano. É por isso que nós pensamos todo um calendário de debates e queremos, aqui, inclusive, deixar o convite a todos vocês, iniciando pelo acampamento que faremos do dia 7 ao dia 9 de agosto no Largo Glênio Peres, de onde pretendemos sair com as nossas caravanas, com a nossa militância, indo aos bairros, às escolas, levar o nosso material, levar o debate à sociedade, para que ninguém seja enganado depois. Na quarta-feira, faremos uma grande panfletagem nos terminais de ônibus no Centro de Porto Alegre também com esse jornal que pretende ilustrar, que pretende subsidiar a sociedade para que ela tenha opinião, para que ela saiba o que está acontecendo.

Por último quero dizer que ao meio-dia de sexta-feira nós faremos um sopão ali no Largo.

Glênio Peres, para onde poderemos chamar a população, onde queremos confraternizar com a população nesse debate e, ao mesmo tempo, conscientizá-la da importância que é defender o nosso País. Na sexta-feira, às 18h, faremos um ato de encerramento, construindo, daqui para a frente, essa grande jornada que irá culminar no plebiscito de 1.º a 7 de setembro.

Mais uma vez, quero agradecer, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, por esta oportunidade, em especial ao Ver. Juarez Pinheiro, por ter promovido este encontro aqui e este debate, tão importante para a vida dos cidadãos e das cidadãs do nosso País, em defesa da soberania, da nacionalidade e, acima de tudo, da justiça social.

Estamos à disposição para continuar este debate, seja onde for, seja no momento em que for, porque, sem sombra de dúvida, queremos contribuir. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Agradecemos ao Sr. Quintino Severo, Presidente da CUT/RS, pela sua presença nesta Casa e também aos líderes sindicais Paulo Barella e Paulo Dill por sua presença.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h28min.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel – às 15h31min): Estão reabertos os trabalhos.

A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, uso o tempo de Liderança do meu Partido, o PPS, no dia de hoje, para trazer a esta tribuna um debate que já trouxemos, em outras oportunidades, a este Plenário.

Fiz questão de retomá-lo neste momento porque hoje nós comemoramos, no Brasil, o Dia Nacional da Saúde, uma comemoração na qual, na verdade, temos poucas coisas a resgatar como conquistas da nossa população.

Talvez fosse importante iniciarmos pelas conquistas obtidas a partir, inclusive, da mobilização da sociedade civil brasileira, dos profissionais da área da saúde, conquistas como, por exemplo, o Programa Nacional de Prevenção à AIDS, o crescimento da luta e das conquistas contra a hanseníase e outras doenças que por muito tempo foram extremamente graves na nossa sociedade. Não é que elas tenham, evidentemente, sido enfrentadas em sua totalidade, porém podemos registrar avanços significativos nessas áreas e em algumas outras áreas.

Quando nós fazemos uma análise da situação da saúde em nosso Estado, infelizmente, temos pouquíssimas coisas a comemorar e muito a lamentar, pelo retrocesso que temos vivido em algumas áreas, como por exemplo, os trágicos índices de crescimento da mortalidade materna e o crescimento das doenças respiratórias neste período de inverno.

O jornal Diário Gaúcho, na sua tiragem de ontem, fez uma reportagem panorâmica sobre o sucateamento das instituições de saúde da Grande Porto Alegre, o que agrava, inclusive, a realidade do atendimento de saúde dos porto-alegrenses, porque os nossos hospitais têm também que atender uma parcela significativa da população da Região Metropolitana.

Além desse sucateamento, é muito grave a omissão da Prefeitura de Porto Alegre no que se refere ao fortalecimento das estruturas dos postos de saúde da nossa Capital. É o exemplo da população que vive em Belém Novo, que não tem atendimento de nenhuma especialização nos postos daquela região. Algumas mães têm que andar três, quatro horas, com os filhos nos braços, na busca de outras regiões da Cidade, muitas delas tentando uma vaga na Vila Cruzeiro – aquele posto grande que vocês conhecem, um posto que ficou famoso pela venda das vagas nas filas – ou em outros postos na Capital.

É também importante, neste dia, retomar a dramática situação da população pobre que tem problemas vasculares, uma discussão, inclusive, que já foi trazida a esta tribuna por alguns médicos com um dado brutal que indica a previsão de que, aproximadamente, de cada dez pacientes pobres que têm problemas vasculares, sete terão algum dos seus membros amputado.

E eu acho que uma Cidade que recebeu do SUS, entre janeiro e maio deste ano, 131 milhões de reais em recursos e suporte, além de todo o Orçamento que esta Casa aprovou para a Saúde, tem que, neste dia, lamentar a péssima política de saúde da Prefeitura de Porto Alegre, que vitima, fundamentalmente, as famílias de baixa renda das áreas de periferia da nossa Cidade. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Valdir Caetano está com a palavra em Grande Expediente. Ausente. O Ver. Adeli Sell está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, há um conjunto de temas que eu gostaria de tratar com mais profundidade. O primeiro deles é sobre o comportamento de um colega nosso - ele não está no Plenário; mas, provavelmente, ele tenha ligado os alto-falantes no seu gabinete e a sua assessoria deve estar acompanhando -, eu vou dizer tudo o que eu penso, o que já disse na sexta-feira, na Comissão de Economia. Tudo tem limites, diferenças políticas, visões diferenciadas sobre o mundo, mas uma coisa que faz um parlamento ser um parlamento de fato é o respeito entre as pessoas. O que o Ver. Sebastião Melo anda fazendo, distribuindo panfletos, que ele não tem coragem de assumir e manda um preposto seu assinar lá Vila Tronco e na Vila Cruzeiro, espalhando pela Cidade, é inadmissível entre Vereadores. E mais o constrangimento que ele quer fazer a alguns Vereadores da Comissão de Economia, Finanças e Orçamento é inaceitável. Mas eu vou parar de falar nisso, porque seria dar muita ênfase para uma bobagem, a um tipo de molecagem que faz esse Vereador! Eu vou tratar de coisas que interessam a nossa Cidade.

A cidade de Porto Alegre tem crescido com dificuldades. Por ela passaram governantes que tiveram papel importante, porque pensaram a sua Cidade. E nós, que somos Vereadores desta Cidade, temos de cuidar da nossa Cidade. Há dias eu escrevi um artigo e quero reproduzir a idéia aqui, porque nós estamos dialogando com a sociedade de Porto Alegre, para que no início do ano que vem nós possamos fazer um grande festival de gastronomia na nossa Cidade. O Rio Grande do Sul e a nossa Capital têm esse aspecto multifacetado, construído por uma diversidade de etnias e que têm no seu bojo, na sua cultura, na sua tradição, não apenas as danças, os cantos, a convivência, a solidariedade dos povos, mas a sua riquíssima e variada gastronomia.

Nós estamos propondo que, junto com o Fórum Social Mundial, que trará para cá novamente milhares de pessoas, e com a nossa Liquida Porto Alegre, nós possamos fazer, nesse período, conjugando essas várias atividades, uma Quinzena da Gastronomia com as entidades do setor como a ABRASEL, o Sindicato de Hotéis, a ABIH, o SINDTUR, O Coventions Bureau, a Associação Gaúcha de Culinaristas e etc., e que nós possamos fazer cursos com o SENAC e outras instituições para aquelas pessoas que queriam aprender algo sobre essa viva, essa rica e variada gastronomia e que possam fazê-lo. E que os nossos bons restaurantes possam apresentar a cada dia um prato diferenciado, dentro daquelas variedades que já apresentam, para que a população local, a população do Rio Grande do Sul, a população do mundo conheça essa riqueza e essa variedade que é a gastronomia do Rio Grande do Sul.

Agora, neste período de inverno, quem de nós não saboreou uma feijoada ou um mocotó, essa tradição que vem da senzala, essa tradição que vem do negro, que vem dos escravos?!

Quem de nós não conhece o quibe, a esfirra, que os libaneses trouxeram como tradição, Ver. João Antonio Dib; ou os judeus que para cá trouxeram a sua experiência e esses sabores gefültefish, por exemplo; e os alemães, que para cá trouxeram o apfelstrudell, que para cá trouxeram essa variada e rica gastronomia; os italianos com suas pastas, com suas pizzas, com essa variedade gastronômica. Nós poderíamos arrolar aqui etnia por etnia e tudo aquilo que foi trazido por essas pessoas para esta Cidade, para engrandecer Porto Alegre, engrandecer o Rio Grande do Sul.

É hora de nós valorizarmos essa riqueza! Essa riqueza existe, mas ela precisa ser transformada num efetivo produto turístico e cultural de Porto Alegre. É para isso que estamos trabalhando, é nesse intuito que queremos trazer para Porto Alegre e que se firme aqui essa idéia da Quinzena da Gastronomia no ano que vem, vinculando ao Fórum Social Mundial e o Liquida Porto Alegre e o debate que estamos fazendo com as instituições do setor.

Quero aproveitar também para, aqui, parabenizar, a Secretaria Municipal de Indústria e Comércio que atenta às questões que esta Câmara levanta como, por exemplo, as denúncias que fiz aqui sobre a venda ilegal de móveis em Porto Alegre, em quatro pontos. Sistematicamente nesses lugares havia uma venda ilegal desses móveis. Pois na sexta-feira à tarde, com chuva, a fiscalização da SMIC constatou exatamente aquilo que o Ver. Adeli Sell vinha dizendo aqui. Caminhões de fora, placa de Umuarana, vendendo móveis, sem nota, de forma ilegal, em Porto Alegre. E queremos, inclusive, mudar a legislação, porque a multa é tão ínfima que com uma cadeira pagam a multa que receberam. Vamos mudar, também, isso. Esse é o papel do Vereador, essa é a nossa função essencial.

Também quero aproveitar esse Grande Expediente, porque são raros esses momentos para o Vereador nesta Casa, para lembrar que mesmo estando-se num ano eleitoral, é importante que olhemos ao calhamaço de papel que recebemos em cada Sessão. Quantos e quantos projetos estão na Ordem do Dia, de minha parte são cinco ou seis que passaram por todas as Comissões, e a maioria deles aprovados em todas as Comissões. Queremos levantar as lideranças de todos os partidos, levantar as senhores e os senhores que compõem a Mesa desta Casa para que façamos um esforço, para que cada semana votemos um conjunto de projetos das Sr.as Vereadoras e dos Srs. Vereadores, porque não podemos deixar de funcionar e trabalhar em prol da Cidade e há vários projetos que exigem de nós posição, porque são fundamentais para ajudar a desenvolver a nossa Cidade. Deixo aqui, portanto, essas questões como nosso registro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Almerindo Filho está com a palavra em Grande Expediente. Ausente. O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Grande Expediente por cedência de tempo do Ver. Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: “Só pela experiência é que aprendemos bem.” A frase não é minha, é de Francis Bacon. Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu sempre afirmo que a ave que voa por seus próprios meios nunca voa alto demais. É claro que o tico-tico não ousará alçar vôo às alturas que voa a águia. Eu sempre digo que Porto Alegre já existia muito antes das administrações do PT. E agora eu sou obrigado a acrescer em minhas frases, que eu gosto de repetir, que a Câmara Municipal existia com toda a sua dignidade, com toda a sua seriedade, com toda a sua responsabilidade antes do nobre Ver. Sebastião Melo. Ninguém vem a esta Câmara capaz de ensinar aos demais. Todos nós aprendemos um pouco a cada dia. Alguns deveriam aprender na primeira lição a não ofender o seu semelhante, a não procurar atingir quem não deve ser atingido, a não procurar crescer tentando diminuir os outros, porque quem crescer diminuindo os outros será esporádico, será momentâneo, será rápido, e, de repente, ele toma o seu lugar, que deve ser no fundo do poço, porque aquele que cresce com suas próprias forças, aquele que tem experiência e tem passado pode olhar nos olhos dos seus semelhantes, nos olhos dos seus colegas e dizer: “estou aqui para servir e não para ser servido.” Eu estou aqui para dar a minha experiência, se possível. Meu trabalho sempre, e a verdade não podem faltar.

Eu, de repente, não tenho sorte, na sexta-feira tentei e dei cobertura para que emendas apresentadas pelo Ver. Sebastião Melo fossem reexaminadas na Comissão de Finanças. Não fora o meu esforço, elas não seriam reexaminadas, mas eu fiz, porque entendo que eu deva servir e não ser servido, eu não preciso criticar os outros para ser maior, a minha altura é a minha altura. Agora alguns só sabem crescer tentando diminuir os outros, porque ninguém diminui quem tem valor, o valor é uma coisa que não se perde, não se perde. Fui criticado num boletim apócrifo, mas sei quem o assinou, mentalmente, por algo que não teria a mínima condição de fazer.

Aqui está o relatório da Prefeitura de Porto Alegre do ano de 1985, que não foi feito pelo Ver. João Antonio Dib, porque saiu no dia 1º de janeiro de 1986 e foi editado, alguns meses depois, na Administração do Prefeito Alceu Collares. Eu olho aqui, já que falam com preocupação da Vila Cruzeiro, Grande Cruzeiro, não vou falar que, na Administração Villela, votei para a diminuição da largura da Vila Cruzeiro do Sul para poder urbanizá-la, vou apenas falar das preocupações que eu tive com algumas áreas e que não foram preocupações de escrever para enganar, porque servir não se serve enganando, ninguém pode enganar por todo o tempo, não se ilude os nossos semelhantes, nós temos que trazer soluções verdadeiras. Está aqui: “O Prefeito João Dib comprou a Vila Maria da Conceição”, 8,8 hectares, com sentimentalismo até, porque iniciei trabalhando na Prefeitura no serviço de habitação popular, e o primeiro levantamento que fiz foi exatamente da Vila Maria da Conceição, e aí o Prefeito pôde comprar a área para urbanizá-la, para resolver o problema. Fiz o loteamento da Batista Xavier, que está ali do lado, comprei a Vila Nova Brasília, 9,8 hectares, não só comprei, já tinha sido urbanizada toda ela na minha administração, como fiz com a Vila Célio, como fiz com a Velha Restinga, como fiz com o Sarandi. Quando entrei na Prefeitura, fui lá medir com o Pref. Ildo Meneghetti numa solenidade, fui lá fazer as primeiras medidas da Vila Sarandi. Como Prefeito, entreguei aos moradores do Sarandi a escritura de cada um deles e pedi ao Governador que o ITBI que, naquela época era do Estado, não fosse cobrado, e o Governador concordou, como também fez na Vila Nova Brasília. Mas também comprei 3 hectares na Vila São José, comprei na Vila Vicente Mártir quase 2 hectares. A Vila Vicente Mártir foi urbanizada pela comunidade, com o DMAE, com o DEMHAB, com o DEP e com a Secretaria de Saúde do Estado. E quando os responsáveis da comunidade quiseram levar ao Encontro Nacional de Engenharia, eu achei que era brincadeira, que não deveria ser levado, porque eles não avaliariam perfeitamente. Eles avaliaram mais do que eu pensava, o Projeto terminou na ONU, onde também foi aprovado, porque mostrava que havia alguém acreditando na comunidade. Também comprei os 52 hectares da Chácara da Fumaça onde até hoje estão fazendo moradias. Eu também comprei mais 8 hectares na Restinga para poder regularizar o que lá estava. É claro que não preciso dizer da Vila Farrapos, que fiz Lei, não preciso falar a respeito das leis que foram feitas tentando regularizar, possibilitando regularizar o que era difícil ao longo dos anos, e recebo como prêmio por ter realizado no passado, e isso ninguém destrói, porque eu fui às vilas, eu conversei com os moradores. Lembro até que um Deputado da oposição dizia que havia milhares de desempregados na Grande Cruzeiro, e eu disse que não havia problema, o Prefeito João Antonio Dib sempre tinha a solução, todos os desempregados da Grande Cruzeiro – eu disse na oportunidade – serão empregados pela Prefeitura, vou pagar quinzenalmente mais do que o salário mínimo, não terão de pagar passagens de ônibus, porque vão trabalhar na Grande Cruzeiro para resolver os problemas da Grande Cruzeiro. E agora vem alguém, que entrou aqui ontem, tentar dizer que o Ver. João Antonio Dib não tem preocupação com os moradores da Vila Cruzeiro, mas o passado fala diferente do Vereador que está no presente e não conhece o passado, até porque eu leio o documento do Vereador e aconselho que ele se assessore muito bem, porque acessórios são desnecessários e aqui está escrito com todas as letras: “Os alegados defeitos técnicos foram derrubados um a um pela ‘assessoria’ técnica do Ver. Sebastião Melo”. Não se cerque de acessório, cerque-se de assessoria, ou então venha à tribuna, fale de seus panfletos e fale com a responsabilidade de quem tem experiência, de quem tem trabalho, de quem tem verdade. E foi assim que eu fiz a minha primeira campanha para Vereador. Eu dizia que eu tinha trabalho para oferecer, experiência para oferecer e, sobretudo, eu queria sempre falar a verdade. E continuo firme na minha primeira afirmativa de trabalho, experiência e verdade, mas continuo também absolutamente convicto de que devo servir e não ser servido. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, amigos aqui presentes, todos os homens, todas as mulheres têm seus sonhos. Na minha vida, poucos dos meus sonhos deixaram de ser realizados, principalmente aqueles na vida profissional. Na política, todos os dias encontro fatos que me desagradam e que me remetem a pensar no porquê de as coisas serem assim na política, os acordos, promessas, partidarismo exagerado, a ganância pelo poder, os discursos inflamados, mas vazios. Estou há dias pensando se deveria ou não apresentar um projeto que vem martelando a minha cabeça que, ao andar pela Cidade, ou pelas cidades deste Estado, ao ver os postes embandeirados de um mau gosto profundo, veio o desejo deste projeto. Protocolei, hoje, Projeto de Lei para proibir a propaganda política nos postes da cidade de Porto Alegre. Essa proibição já existe em algumas cidades, e, por ações na Justiça, essas cidades reagem contra este tipo de propaganda que nós, políticos, utilizamos em campanhas eleitorais. Poluição visual, a cidade com seus postes carregados de placas de todos os tipos, feitas de materiais de segunda categoria que, com o vento, se desmancham, com a chuva perdem a cor, traz para a cidade uma fisionomia de sujeira. A cidade de Porto Alegre está suja, o seu visual está terrivelmente prejudicado e assim são em todos os anos que temos campanhas políticas eleitorais. E mais, o que é pior e agora o que é importante: para limpar a cidade se usa o dinheiro público; se usa mão-de-obra paga com o dinheiro do contribuinte quando deveríamos exigir que nós, políticos, fôssemos responsabilizados para limpar a sujeira que fazemos na cidade. Mas não é assim. Ao terminar as eleições, são os homens da Prefeitura que vão atrás, vão para as ruas limpar a sujeira feita por nós, políticos, dando despesas para o Município, que precisa tanto de dinheiro para fazer desta Cidade uma cidade onde todos se sintam felizes e seguros para viverem.

Estou protocolando o seguinte Projeto de Lei para ser discutido nesta Casa, principalmente para época de eleições. Nesse momento não é mais possível, mas quem sabe para o ano de 2004.

Projeto de Lei: (Lê.) “Proíbe a afixação de faixas, cartazes e placas para a divulgação de eventos, promoções, serviços e produtos de qualquer espécie, idéias ou pessoas, em postes, árvores, abrigos de paradas de ônibus, pontes, viadutos e similares dentro dos limites do município de Porto Alegre.

Art. 1.º Fica proibida a afixação de faixas, cartazes e placas de divulgação de eventos, promoções, serviços e produtos de qualquer espécie, idéias ou pessoas em postes, árvores e abrigos de paradas de ônibus, pontes, viadutos e similares, dentro dos limites do Município de Porto Alegre.

Parágrafo único - O Executivo Municipal indicará, em cada bairro, em área de grande fluxo populacional, espaços próprios para divulgação de eventos ou campanhas de assistência social, de saúde e preventivas.

Art. 2.º As pessoas físicas ou jurídicas, inclusive as entidades da Administração Pública Direta e Indireta, que infringirem esta Lei, ficam sujeitas às seguintes penalidades:

I - Advertência, estipulando o prazo de 48 (quarenta e oito) horas para retirada de todo o material exposto irregularmente;

II - Apreensão do material de divulgação e multa equivalente a 200 (duzentas) URMs (unidade de referência municipal), quando não atendido o disposto no inciso I.

§ 1.º A multa de que trata o inciso II deve ser quitada dentro do prazo de 5 (cinco) dias úteis, contados da data em que o infrator receber o auto de infração ou o indeferimento do seu recurso quando for o caso, sob pena de cobrança judicial.

§ 2.º O recurso previsto no § 1.º supra pode ser interposto junto ao Setor de Fiscalização do órgão competente, no prazo de 5 (cinco) dias úteis, contados da data em que for recebida a notificação.

§ 3.º Cabe ao titular da Secretaria Municipal de Produção, Indústria e Comércio apreciar e decidir sobre os recursos.

§ 4.º No caso de apreensão do material de divulgação, este ficará sob a guarda da SMIC, sendo concedido ao infrator o prazo de 5 (cinco) dias para proceder à sua retirada.

Art. 3.º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.”

Eu sei que pode dar discussão, não sei se vai ser aprovado, mas fiz a minha obrigação depois de fazer uma pesquisa pela Cidade e sentir que os moradores de Porto Alegre estão se sentindo mal com os postes, todos eles embandeirados, de um mau gosto profundo.

Se não agradei aos nobres Vereadores, pelo menos estou com a consciência tranqüila. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo PFL.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Paulo Brum, presidindo os trabalhos, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, senhoras e senhores, há algum tempo temos vindo a esta tribuna e temos procurado alertar as pessoas com relação ao aumento indiscriminado da população de ratos em nossa Cidade e sem que a Prefeitura Municipal ou sem que o próprio Governo do Estado, através das suas áreas da saúde, tomem medidas eficazes para poder combater o problema.

Há algum tempo, Ver. Pedro Américo Leal, que está atento ao nosso pronunciamento, fomos até o Lami e constatamos o seguinte: a Escola Estadual Oscar Coelho de Souza tinha o esgoto correndo a céu aberto, dentro do seus limites, colocando em perigo aquelas crianças que freqüentavam a escola.

Para resolver o problema, Ver. Haroldo de Souza, essa magnífica Administração que temos em Porto Alegre, que é tão decantada pela bancada situacionista, fez o seguinte: canalizou aquele esgoto que corria dentro da Escola e jogou esse esgoto na casa do lado. Olhem a solução que foi dada! Não estou contado mentira, vão lá para ver o que está acontecendo. Administração competente deste Município para resolver os problemas da Escola lá do Lami, na Estrada do Varejão, colocou e canalizou o esgoto e o jogou na casa vizinha. De repente, essa é a orientação que as lideranças do PT dizem que tem que ser feita para resolver os problemas. Bem, a casa vizinha reclamou, entrou com ação na Justiça, reclamou várias vezes das administrações, tanto do Estado, como também do Município, e absolutamente nada foi feito, até que o ex-Vereador, desta Casa Airto Ferronato, há quinze dias, fez uma visita àquela família e prometeu-lhe que iria construir, também, uma canalização para ela, para retirar o esgoto que está dentro da sua residência. Com as últimas chuvas, aconteceu o seguinte, Ver. Pedro Américo Leal: a casa ficou completamente tomada pelas águas, e como a família tem duas crianças, uma com 2 anos e outra com 5 anos, uma dessas crianças, a mais nova, que está com 2 anos e 10 meses, está internada no hospital com suspeita de leptospirose. Por isso eu disse, quando falei no início, que, infelizmente, temos denunciado aqui o aumento dessa população de ratos e nada tem sido feito de efetivo para combatê-la. Agora há essa família. Eu estou orientando essa família no sentido de que, já que não existe administração pública, já que a Administração Pública é ineficiente e esta Administração quer apenas causar o caos maior dentro da Cidade para que o seu Partido possa crescer... Porque esses partidos de pseudo-esquerda, porque são de extrema direita, só crescem, na verdade, dentro do caos, então, para que esses partidos possam crescer, eles criam o caos, e, para criar o caos, não podem resolver problemas, eles têm é que tumultuar a vida da sociedade. É assim que o PT está agindo há muito tempo aqui em Porto Alegre! E é assim que o PT fez com essa família lá da Estrada do Varejão, ao lado de uma escola estadual. Em vez de resolver o problema, Ver. Pedro Américo Leal, o complicou, e agora eu estou orientando a que a família entre na Justiça e cobre a indenização devida, tanto do Estado, como também do Município, pelos males que ela sofreu. Mas qual é a indenização que pode cobrir o mal que está afetando agora um dos filhos desta família? Até quando esse Partido vai causar mal ao conjunto de toda a sociedade? Até quando nós vamos agüentar esse discurso mentiroso, proferido desta tribuna, dizendo da sua competência ou da sua preocupação com o restante da sociedade, quando nós sabemos que o que quer esse Partido é apenas o caos da sociedade, o que quer este Partido é apenas trabalhar para ficar cada vez mais forte? Mas, a sociedade, essa não importa.

Eu vi, hoje, o meu amigo Juarez Pinheiro vir aqui falar da ALCA, eu vi outros companheiros virem aqui falarem de temas internacionais, mas eu quero ver falar dos problemas de Porto Alegre! Eu quero ver falar dos problemas locais! Eu quero que me dêem solução para uma criança que agora está afetada por leptospirose, por culpa dessa Administração ineficaz! Isto eu quero ver: que venham a esta tribuna e falem dos assuntos locais; os assuntos internacionais, depois que forem lá para outras casas, para a Casa congressual, aí sim podem ser abordados e, de repente, com eficácia, mas aqui não. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente em exercício, Ver. Paulo Brum, eu fui instado por dois colegas Vereadores, o Ver. Adeli Sell e o Ver. João Antonio Dib, sobre um assunto que me agrada muito. Quero dizer que eu tenho por eles, como tenho pelos demais 31 Vereadores, um respeito pessoal muito grande, e o meu debate não é no campo pessoal. Então as minhas primeiras palavras são para dizer o seguinte: para nós, que ajudamos a derrubar a ditadura, não existe verdade absoluta. Talvez para aqueles que estejam ainda impregnados com os vícios da ditadura possa existir verdade absoluta, mas para nós, não existe verdade absoluta. E talvez, também, para aqueles que estão filiados à corrente do stalinismo a verdade absoluta seja uma realidade. Para nós, não; pensamos de outra forma e temos uma outra posição, plural, em relação a essa matéria. Segundo, eu quero dizer ao Ver. Adeli Sell que ele quer rebaixar o debate, sim, e nós vamos, Vereador, eu já disse isso lá, e estou aguardando a fita, representar contra V. Ex.ª na Comissão de Ética desta Casa. E, se a Comissão de Ética não funcionar, como a maioria das Comissões desta Casa, eu quero dizer que nós vamos à Justiça. Então, não há problema nenhum, porque nós queremos um debate no campo das idéias e não no campo da pessoalidade. E o que me estranha muito é que no ano passado... Para mim, ter dez mandatos, cinco mandatos ou meio mandato não é nenhum diferencial; aqui todos nós estamos nivelados pelo voto popular, cada um com suas posições, com suas características, com seu jeito. Quero dizer que respeito cada um e respeito o mandato de cada um. E no nosso mandato o nosso coletivo delibera sobre ele. No ano passado, lutei muito. E qual é a nossa tese fundamental? Esta Casa foi perdendo as suas prerrogativas, porque ela própria foi concedendo, na minha avaliação, o poder legislativo. Existem várias demandas na Cidade, questões importantes, mas há uma, que é chamada orçamento, da qual esta Casa não pode abrir mão. Quando esta Casa permite que se gaste 1 milhão e 200 mil reais com o Fórum Social sem que passe por esta Casa, eu não concordo com isso. Este Vereador apresentou vinte e oito emendas para que o dinheiro da publicidade - aquele que não vem já carimbado, aquele que tem a se gastar pela suplementação - passe por esta Casa. Mas este Vereador fez outras emendas, como, por exemplo, sobre a questão de o patrocínio de qualquer evento nesta Cidade passar pela Câmara, aquilo que não estiver carimbado, mas este Vereador pediu que fosse, nas suas emendas. Se o Prefeito diz que a rubrica é para fazer a obra do Lami, tem de ser para o Lami e não para Ipanema. Pois, essas emendas foram derrubadas na Comissão, sim. Nós somos cinco Vereadores, três da oposição e dois do Governo. E eu vejo, nesta tribuna, todos os dias, os Vereadores de oposição cobrando transparência no Orçamento. E, quando vêm as emendas para transparência, a oposição vota contra a oposição. Então, por favor, não sou quero-quero, não tenho um discurso de um lado e uma prática de outro. Não sou quero-quero. Portanto, “vamos devagar com o andor, porque o santo é de barro”. Eu não quero rebaixar discurso e não vou rebaixar, mas quero enfrentar esse discurso, essa realidade. Porque, com relação às emendas, o que está por trás é que estão querendo dizer que é só o Orçamento Participativo, que está há treze anos enganando as pessoas da Vila Cruzeiro do Sul, e que um Vereador não pode apresentar emendas para encaminhar a regularização fundiária. Pois, eu entendo que pode e que tem legitimidade, como tem o Orçamento Participativo. Mas o Vereador também a tem! E quem é contra vem aqui e explicita. O Ver. Adeli se especializou em defender banqueiros, agora também se está especializando em defender proprietários de terras. Vamos ao debate! Não há problema nenhum! Eu vou pedir destaque, se os meus colegas concederem, e vamos discutir uma por uma as nossas emendas: a da Cruzeiro, Tronco e todas aquelas que possibilitaram transparência. E aqueles que são da oposição e que dizem que querem transparência votem contra as emendas, não há problema nenhum. Não fui autor de nenhum panfleto, Ver. João Antonio Dib, Ver. Adeli Sell, li todos eles e pode trazer aqui que eu subscrevo todos eles, porque o que disseram eu subscrevo.

(Aparte anti-regimental do Ver. Carlos Alberto Garcia.)

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Se eu fosse olhar a cota de V. Ex.ª talvez tivessem rodado algumas coisas que poderia questionar. Então, V. Ex.ª cuida da cota do seu gabinete. Eu rodo quanto panfleto quiser. Não é da minha autoria. Todos os que fiz, assino. Este eu não assinei, mas pode trazer aqui que eu o assino. Agora, V. Ex.ª, como outros, é quero-quero; faz o discurso da inclusão social, do populismo, e depois vota contra. Assuma essa posição, não há problema nenhum.

Eu quero encerrar, Sr. Presidente, dizendo que não vou rebaixar o debate. Mas quero dizer que estamos prontos para enfrentá-lo em qualquer comissão desta Casa ou deste Plenário e evidentemente temos o entendimento de que o Orçamento precisa ser transparente, de que o dinheiro com publicidade tem de ter suplementação, passando por esta Casa, de que o gasto com o Fórum Social tem de passar por esta Casa e tantas outras matérias que esta Casa, infelizmente, não tem apreciado, porque, quando se vota LDO, quando se vota o Orçamento, se dá um cheque em branco para o Prefeito. E eu não vou dar este cheque em branco. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, ouvi atentamente a fala do Ver. Sebastião Melo, e há algumas coisas que eu aprendi na minha vida: quando somos sensatos, temos de assumir as coisas. Eu acho que temos de assumir: “Fiz um panfleto, porque acredito.” Agora, dizer que não fez...

(Aparte anti-regimental do Ver. Sebastião Melo.): Não fiz, mas assino.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Então, gostaria que assinasse, Vereador. Gostaria que assinasse, porque é assim que se faz: com honradez e decência.

Por que digo isso? Vamos ler um trecho. (Lê.) “Agora os Projetos serão votados na próxima segunda-feira, dia 5 de agosto, às 10h da manhã. E você já sabe: quer-se ter esperança de ver aprovados os Projetos que vão permitir colocar na Lei a obrigatoriedade da regulamentação fundiária de seus terrenos e casas; quer-se ter habitação no lugar onde vive; se não for removido para os cantos da Cidade, lá na Zona Norte quando começar a ser construída a Perimetral da Cruzeiro, então deve comparecer na Câmara de Vereadores para pressionar os Vereadores. Adeli Sell, Carlos Alberto Garcia e João Dib, porque eles estão prontos para trair os teus interesses. Portanto, todos à Câmara de Vereadores na próxima segunda-feira. Agora só depende de você.”

Bonito! Surpreende-me que o Vereador não saiba o que é diretriz, confundindo com meta. Diretriz é uma maneira mais abrangente, e agora ele quer determinar como vai ser. Então podemos. E justificamos, e V. Ex.ª, inclusive, que teve as Emendas, disse: não, eu estou modificando sete. Inclusive, este Vereador fez um relatório, no fim de semana, tentando salvar as suas sete, fizemos Subemendas para salvar as suas Emendas, mas V. Ex.ª é muito auto-suficiente, Vereador. V. Ex.ª se julga Prefeito, Presidente da Câmara e dono do povo. Isso é usar indevidamente o povo, criando uma esperança. Parece que de uma hora para outra o povo da Vila Cruzeiro vai ganhar as suas casas. Somos sérios, fazemos as coisas sérias e não podemos utilizar as pessoas dessa forma, porque se cria uma expectativa que não condiz com a realidade e muito menos com a verdade.

Temos que fazer um debate sério. Volto a dizer: não estou rebaixando, queremos aqui discutir, mas vamos utilizar este palanque tantas vezes quantas forem necessárias para esclarecer.

Queremos ir à Cruzeiro fazer o debate, para dizer o que é verdade, o que é mentira, o que é demagógico e o que é eleitoreiro, porque parece que vai acabar o mundo, e não vai! Queremos, sim, discutir a regularização fundiária da Vila Cruzeiro, pois lá temos inúmeras pessoas do nosso relacionamento e entendemos legítimo as pessoas postularem isso.

Eu li aquilo, e vejam a forma como isso foi colocado. É isso que me preocupa, porque estamos tratando de uma das coisas mais valiosas do ser humano, que é o seu direito à habitação. Nós estamos mexendo com um sentimento muito forte. Isto aqui é incitação! Nós não vamos compactuar com isso, porque não é certo incitar e usar da boa vontade e boa-fé do povo. Podem ter a certeza de que o povo não é bobo e não é ingênuo: ele sabe que não vai ser com um “canetaço” que, num passe de mágica, todo mundo vai ter suas terras regularizadas, porque, se fosse assim, nós já tínhamos resolvido o problema fundiário, e nós sabemos que o problema fundiário tem custos. Nós sabemos que o nosso País tem um déficit habitacional de 12 milhões de residências.

Agora, nós temos um supervereador em Porto Alegre que consegue fazer uma Emenda e vai resolver o problema de milhares e milhares de pessoas. É, realmente, temos um salvador! Mas a população, aos poucos, conhece o salvador; a população, aos poucos, fica sabendo das ações do dia-a-dia, porque a vida parlamentar é constituída por mandatos e mandatos. É constituída por ações do dia-a-dia e não com ações em que vou utilizar termos oportunistas.

Por que não foi colocada alguma coisa no ano passado no Plurianual relativa a isso? Talvez tenha sido esquecimento, talvez tenham sido os primeiros meses de mandato e não sabia. Talvez, quando for Prefeito da nossa Cidade, vai ungir e vai convocar o povo em praça pública e dizer: "A partir de hoje, por decreto, nenhum cidadão de Porto Alegre vai deixar de ter a sua moradia e o seu terreno próprio”. E assina embaixo. Ora, meus amigos, Vereadoras e Vereadores, V. Ex.as me conhecem. Não é este o meu estilo; eu fico preocupado, porque procuro tratar da coisa pública com seriedade, até porque nós somos representantes da população lá fora, que nos deu essa procuração. Como nós vamos dizer à população: “Agora tu vais ganhar a tua terra”. Isso tem de ser discutido, tem que redigir as coisas e saber o que é diretriz e o que é meta. Por isso é que foram feitas sete alterações. Volto a dizer que este Vereador fez sete Subemendas para salvar, porque entende que é legítimo discutir, como no caso da Vila Tronco, a questão da regularização fundiária. Por que não? Temos de discutir aquela situação. Agora, determinar que irá ser comprado? Não é assim que se tratam as coisas públicas.

Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, volto a dizer que vou ter oportunidade. Quando eu li o Parecer, eu disse que estaria à disposição de todos os Vereadores para discutir item por item do porquê as Emendas foram reprovadas. Volto a dizer, ainda, parece que foi só um Vereador, que foi só ele, e eu li que na Comissão, inúmeros Vereadores tiveram Emendas rejeitadas. Por quê? Porque fizemos um trabalho técnico em cima de critérios, e os critérios são questionados. Os critérios podem ser alterados; agora, não venham dizer para o povo para vir aqui pressionar os Vereadores, que vão ganhar as suas casas.

Espero que um dia ele possa ser eleito na minha Cidade, convocar o povo e dizer que dali para frente ninguém mais vai ter problemas de moradia e nem de terreno. Viva a verdade! É com isso que eu trabalho. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, pois eu quero. Quero trabalho, quero experiência, quero verdade. Não quero aqueles que negam o valor da experiência. Não tem na vida pública do Ver. João Antonio Dib nenhum momento de incoerência. Eu não posso querer, como ex-Prefeito que fui, que a proposta orçamentária não tenha reserva de contingência, mas, se havia no meu tempo e valia, e agora, só por que o Prefeito é de outro Partido, eu não quero a reserva de contingência? Isso é falta de experiência ou falta de competência.

No ano passado, tivemos momentos aqui em que, se a experiência fosse ouvida, nós não teríamos o vexame que nós passamos com a Comissão de Inquérito. Mas a experiência foi deixada de lado. Havia alguém que tinha entrado na Câmara e sabia tudo. Entrou alguém que dinamizaria a Câmara, porque os outros estavam aqui parados, cansados, não tinham o que fazer. Talvez fossem quero-queros. Não. A verdade é só uma, não há duas, não há meia-verdade. Mostraram para alguém uma moeda: um lado é cara, o outro lado é coroa. A moeda é cara e coroa, não tem essa história de dizer uma coisa aqui, outra coisa lá. Isso é para maus políticos, para políticos que não são sérios, que não são competentes.

Como eu posso pensar - tendo utilizado toda a minha vida para servir esta Cidade, tendo sido Prefeito e seis vezes Secretário -, como eu posso pensar em limitar o Poder Executivo da forma que se pretende, de uma forma incompetente?

Estão falando do Fórum Social Mundial que custou 1 milhão de reais. Eu não sei se custou 1 milhão de reais, mas tudo bem! Se eu dissesse que eventos dessa magnitude devessem passar pela Câmara Municipal, eu até entenderia, mas eventos de 25 mil reais é brincar de ser Vereador, é não ter seriedade, é não ter responsabilidade, é querer usar o povo de forma indevida, é querer brincar de ser Vereador.

Observem os eventos que a Secretaria de Cultura faz. São contra a minha maneira de pensar, mas faz. Eu estaria fazendo leis se nós temos que decidir a previdência? E eu não consigo reunir as pessoas para decidir como será instituída a Comissão. Imaginem, eu decidindo doze, quinze leis por mês sobre eventos de 25 mil e um reais. Imaginem só o que eu faria nesta Casa?

Experiência é uma coisa que não pode ser esquecida. Agora, que não me digam que o apócrifo documento que aí está não tinha autoria intelectual, porque, Ver. Sebastião Melo, foi assim que V. Ex.ª me saudou na sexta-feira, quando eu deixava a Casa do Povo de Porto Alegre, nos mesmos termos que ali está. Mas, como eu sou educado, como eu sou um homem experiente, como eu sou um homem responsável, eu levei na brincadeira, achei que V. Ex.ª, mais uma vez, estava brincando de Vereador! Porque Vereador não é isso que V. Ex.ª faz, Vereador tem que conhecer! Não pode chegar e dizer: “Bom, eu quero mudar isso, mudar aquilo”. Pode ter um belo curso de Direito, pode ser um grande advogado, mas ainda não é um bom Vereador! Mas tem tempo para isso, tem muito tempo para isso! E eu faço votos e formulo votos muito sérios de que V. Ex.ª chegue, um dia, a ser um bom Vereador! Hoje é um lutador, e eu reconheço o espírito de luta de V. Ex.ª, mas só espírito de luta não basta. Para que se tenha autoridade moral, tem de conhecer, tem de poder debater com firmeza, não apenas apresentar Emendas. V. Ex.ª não é mais Vereador do que eu, apresentou trinta Emendas, eu apresentei cinco! Será que eu não tinha condições de apresentar cinqüenta também? Eu sempre digo aqui que o nosso problema não é leis, leis e mais leis, é o cumprimento da lei; lei séria, responsável, clara, precisa e concisa. E quem quer fazer o seu exercício de Vereador da melhor maneira possível, tem muita coisa boa para ser feita! Não é reunião todos os dias, com agressão, com atitudes que não são próprias para quem convida. Eu tenho ouvido quieto, mas, agora, foi muito, foi exatamente naquilo que eu mais prezo: o meu passado, nas coisas boas que eu fiz nesta Cidade. V. Ex.ª me agrediu, sim; mas está perdoado, sem dúvida nenhuma. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Queremos apregoar o Proc. n.º 2564/02, Pedido de Informação de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que solicita informações acerca de concessão de alvará de funcionamento para a boate Liquid, localizada na Rua João Telles nº 54.

Proc. n.° 2585/02, PLL n.º 153, de autoria do Ver. Carlos Pestana, que institui o dia 11 de setembro, como o Dia da Democracia Participativa.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O SR. MARCELO DANÉRIS (Requerimento): Sr. Presidente, os Vereadores que este subscrevem, requerem a V. Ex.ª que providencie a medida judicial cabível referente à concessão de liminar da suspensão da eficácia da Lei n.º 7.109, de 21 de julho de 1992, que regula em âmbito municipal a abertura do comércio aos domingos. Certos do seu atendimento, aguardamos as providências junto à Procuradoria da Casa, já que a Câmara Municipal de Vereadores foi citada nominalmente pela aprovação dessa lei.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Recebemos e encaminhamos à Procuradoria da Casa.

O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra em Comunicações por cedência de tempo do Ver. Beto Moesch.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, uma doença social vem percorrendo a Terra, contaminando as nações com a pestilência da morte e colhendo sua safra sinistra em todas as partes do planeta. Trata-se da intensificação das ações terroristas que, com carros-bombas, cartas-bomba e até homens-bomba, assassinam cidadãos inocentes, intranqüilizam povos e abalam governos, em nome de causas religiosas, políticas, econômicas, sociais ou étnicas.

Dentre os horrores do final de um século apocalíptico, a que se juntam os do início de um novo, que se iniciou trágico, horrores esses que incluem a corrupção moral generalizada e a indiferença diante da pobreza absoluta, o terrorismo sobressai, fatídico, para mostrar ao mundo o lado mais cruel do homem. Ninguém ignora que, em séculos passados, houve atentados contra autoridades e órgãos públicos. Mas quase sempre resultaram da ação de uma pessoa ou no máximo de um grupo, formando um complô, montado com um objetivo específico e que se dissolvia após a realização do atentado.

O moderno terrorismo é diferente. São grupos organizados, que agem sob uma bandeira qualquer, sempre com o objetivo de destruir. E seus membros estão absolutamente convencidos da nobreza de suas causas e da justeza de suas ações. Embora não passem de assassinos, consideram-se santos, heróis, pessoas sacrificadas a provocar a desgraça de hoje com o objetivo de preparar a felicidade do amanhã.

Em nossos dias, o número de organizações terroristas e suas ações cresceram a tal ponto que é raro passar uma semana sem o registro de uma ação terrorista de porte, em alguma parte do mundo. Em sua maior parte, são atentados realizados por intermédio de carros-bomba ou de "mártires" suicidas que, com explosivos presos a seus corpos, procuram causar o maior número possível de mortes e destruição, geralmente em locais com grande concentração de pessoas, como a saída de uma escola, um ônibus lotado e outros tipos de locais.

Faço essas considerações, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, em razão da insustentável situação que se desenhou no Oriente Médio, cuja causa, a esta altura dos acontecimentos, é difícil determinar, principalmente para quem não está diretamente envolvido.

Afirmar, como fazem alguns líderes muçulmanos, que "Aqueles que não se engajam na violência em nome da doutrina não são fiéis e não representam a doutrina, são criminosos que devem ser punidos", beira as raias da insanidade e compromete o valor e a dignidade da causa postulada.

De qualquer modo, urge que o mundo inteiro se una para por fim à barbárie terrorista, que tanta gente inocente tem vitimado. Os extremistas muçulmanos, que praticam atentados suicidas, acreditam que suas ações lhes garantem o direito de ingressar no paraíso, onde terão dezenas de virgens à sua disposição para satisfazê-los sexualmente. Também lhes é assegurado que suas famílias farão jus a vagas reservadas no Paraíso…

O grau de demência a que chegaram os grupos terroristas é tal que, após um atentado suicida duplo, num mercado de Jerusalém, a organização extremista Hamas expediu o seguinte comunicado: "Em nome e com a benção de Deus, a Unidade de Mártires das Brigadas do Qassam para Libertação de Prisioneiros declara sua responsabilidade pela operação de martírio em Jerusalém."

Numa entrevista concedida a um jornal francês, um líder terrorista afirmou que era irrelevante o fato de mulheres e crianças estarem sendo assassinadas pelo grupo GIA, na Argélia, pois, segundo ele, "Alá reconhece imediatamente os inocentes". Num outro comunicado, o GIA declarou: "Nós somos o grupo que mata, trucida, queima e pilha com a permissão de Deus."

O santo nome de Deus não pode ser invocado para justificar o assassinato de inocentes. Por isso, o nosso repúdio a toda e qualquer ação terrorista executada, seja onde e a que pretexto for. E ficam aqui os nossos votos de que a lucidez volte à mente dos dirigentes judeus e palestinos, para que a paz de Deus, esta sim, se derrame sobre o mundo e faça com que os homens se aproximem pelas suas semelhanças e encontrem as formas de resolver suas diferenças. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, vou ler o panfleto que está circulando, porque o Ver. Sebastião Melo diz que assina, então gostaria que constasse nos Anais da Casa, porque tenho certeza de que o Ver. Sebastião Melo vai assinar. Diz assim: (Lê.)

“Tronco informa. Emendas ao orçamento da Tronco/Cruzeiro resistem, recebem três assinaturas e serão apreciadas na segunda-feira. Vereadores estavam prontos para não aprovar ‘tecnicamente’ os Projetos, mas o Ver. Sebastião Melo surpreendeu com novas Emendas e jogou a decisão para a próxima segunda-feira. A pressão popular foi essencial na votação, na manhã dessa sexta-feira na Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara Municipal. A sala da Comissão ficou superlotada com a presença de uma comissão de moradores da Tronco e da Grande Cruzeiro. Alguns populares tiveram que ficar no corredor e ouvir os Vereadores através do sistema de som da Câmara. O que já estava armado, o que era uma votação de cartas marcadas, de repente, com a chegada do povo, viu-se que os ventos começaram a mudar. Os Vereadores já haviam começado a reunião quando o povo começou a chegar. A partir daí, o povo pôde ver quem está do lado de quem e quem ainda está em cima do muro. O Ver. Carlos Alberto Garcia, que é Relator, apresentou relatório contra todos os projetos do Ver. Sebastião Melo, alegando que os projetos da Cruzeiro tinham problemas técnicos. Conforme antecipado na edição de ontem do Tronco. Informa, o Ver. Sebastião Melo tinha uma carta na manga. Os alegados defeitos técnicos, que foram alardeados enlouquecidamente pelo Chefe do Gabinete de Planejamento da Prefeitura (GAPLAN), André Passos, foram um a um derrubados pela assessoria técnica do Ver. Sebastião Melo. A Prefeitura dizia que a regularização fundiária da Tronco-Postão não poderia sair porque precisava de uma lei para regularizar vilas que estão sobre áreas do Estado ou da União. Então, o Ver. Sebastião Melo apresentou Diretriz Orçamentária, que é uma emenda ao Projeto original, autorizando o Município a comprar ou a fazer permuta com a União e o Estado para fins de regularização fundiária e reassentamento, o que permite agora apresentar projetos para regularizar não só a Tronco-Postão, mas também toda a Grande Cruzeiro. Daí, então, a coisa mudou: como votar contra os projetos se eles não tinham mais erros técnicos? Isso deixou o representante da Prefeitura, André Passos, completamente desnorteado. Vereadores que haviam ido para a reunião prontos para votar contra não contavam que os projetos tivessem sido corrigidos a tempo e também que iriam votar sob marcação popular. O Ver. Adeli Sell chegou a dizer que ‘haviam transformado a Comissão num furdunço’, numa alusão à presença do povo na sala da Comissão, e que os projetos não poderiam chegar ao Plenário, porque havia ‘uma clara intenção de transformar o Plenário também num furdunço’. Adeli Sell esqueceu que a Câmara é a Casa do Povo? Então, a votação tomou o seguinte caminho: os Vereadores Adeli Sell, João Antonio Dib e Carlos Alberto Garcia votaram contra todos os projetos do Ver. Sebastião Melo e pela apreciação dos projetos da Tronco e da Cruzeiro em separado, na próxima segunda-feira. Os únicos votos a favor foram do Ver. João Carlos Nedel e do próprio Ver. Sebastião Melo. Garcia e Adeli Sell saíram da sala sem assinar e dar apoio para as emendas da Tronco e da Cruzeiro. O Ver. Dib, mesmo tendo votado pela apreciação do Projeto na próxima segunda-feira, não é garantia nenhuma de voto a favor do povo. Dib é um conservador histórico; ele vem negando o direito dos empregados à passagem gratuita de ônibus desde quando era Prefeito. O direito é assegurado pela Lei n.º 5.409, de 2 de maio de 1984, mas ele desconheceu lei, assim como todos os Prefeitos da atual administração. Dib tem agido como linha auxiliar do PT na Câmara dos Vereadores e está pronto para votar contra o povo da Tronco e da Cruzeiro. A única chance...”

(Sinal.)

 

Eu gostaria de utilizar o tempo de Liderança, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Seu tempo em Comunicações está encerrado.

V. Ex.ª, Ver. Carlos Alberto Garcia, está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: (Continua lendo.) “A única chance da reversão na votação é na base da pressão popular. Agora os projetos serão votados na próxima segunda-feira, dia 5 de agosto, às 10h da manhã. E você já sabe: se quer ter a esperança de ver aprovados os projetos que vão permitir colocar na lei a obrigatoriedade da regulamentação fundiária de seu terreno e casa, se quer ter habitação no lugar onde vive, se não quer ser removido para os cantos da Cidade, lá na Zona Norte, quando começar a ser construída a perimetral da Cruzeiro, então deve comparecer na Câmara dos Vereadores para pressionar o Ver. Adeli Sell, o Ver. Carlos Alberto Garcia e o Ver. João Dib, porque eles estão prontos para trair os seus interesses. Portanto, todos na Câmara dos Vereadores na próxima segunda-feira. Agora depende só de você.” Fiz questão de transcrever na íntegra porque o Ver. Sebastião Melo assumiu o compromisso de assinar. Eu fico satisfeito, porque ele é daqueles que honram aquilo que dizem. Mas eu vou ler ainda as emendas do Vereador e o que nós fizemos, isso sim, para o povo da Cruzeiro para ajudar a salvar as suas emendas. O Vereador coloca: “Promover a construção de quadras de bochas.” Nós colocamos: “Promover estudos de viabilidade oportunizando a construção de quadras.” Isso é diretriz. Vamos botar especificamente daquela área: “ Promover a compra de área ou permuta de área com a União, e promover a regularização fundiária da população.” Colocamos uma subemenda: “Para promover estudo de viabilização, oportunizando a possibilidade de compra de área ou permuta de área com a União e o Estado para realizar a regularização fundiária da população.” E assim vão indo, emenda por emenda. E eu volto a dizer, Ver. Sebastião Melo, nós entendemos que é justo e procuramos salvar as suas emendas, porque talvez V. Ex.ª tivesse uma intenção, mas escreveu outra. A minha preocupação é com a incitação; isso nós não vamos admitir. Mas, felizmente, fico contente, porque, quando eu sair desta tribuna, V. Ex.ª vai-me dar o seu autógrafo, assinando o texto. Isso será muito bom, porque aquilo que fazemos temos de assumir, pois nós temos uma responsabilidade perante a população, ninguém vai fazer alguma coisa sem o nosso conhecimento, ou, se faz, nós temos de assumir imediatamente, dizendo que não é o que pensamos; agora, concordar e dizer que não foi feito isso não cai bem.

Eu convido o povo da Cruzeiro para que venha aqui discutir quando vai ser aprovada a questão da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Com essa convocação nós queremos fazer com que o povo da Cruzeiro venha aqui para ouvir, ver e discutir. Nós esperamos, sim, que o povo da Cruzeiro, da Tronco, da Grande Cruzeiro venha à Câmara Municipal de Porto Alegre no dia da aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Nós vamos ler emenda por emenda para o pessoal saber o que é verdade e o que é mentira.

Nós estamos convocando, o que eu acho importante, o povo para vir aqui. Se nós estivermos errados, o povo saberá muito bem; agora, por favor, não utilizem a população como massa de manobra, não utilizem a população, usando da boa-fé, daquilo que as pessoas têm de melhor, que é a boa índole de acreditar. Se as pessoas acreditam em nós, parlamentares, elas têm de acreditar integralmente; agora, acreditar e depois passar a desacreditar fica muito ruim. O que houve? O que foi mudado? Qual é o comprometimento? Não se faz acusando outros Vereadores. O jogo aqui é político, e aqui é o espaço para fazer a dialética, a discussão, viver com o contraditório e não para utilizar a população indevidamente. Se o Vereador acha que se beneficia com isso, preste atenção, porque o povo tem memória. E não é memória curta não, ele sabe muito bem, e vocês verão, daqui a uns tempos, se temos ou não razão. Vou passar o documento às mãos do Ver. Sebastião Melo para que ele possa assinar, que eu gostaria de ter a sua assinatura, com muito prazer. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. SEBASTIÃO MELO (Requerimento): Sr. Presidente, eu gostaria que V. Ex.ª solicitasse à Diretoria Legislativa distribuir o relatório auxiliar do Ver. Garcia, que não tem nenhuma validade, porque ele nem foi à reunião e nem assinou o relatório; portanto, ele está cometendo uma inverdade desta tribuna. Em nome da verdade, solicito seja distribuído o relatório dessas emendas, porque ele não assinou o relatório e não esteve na reunião hoje pela manhã, aliás, fugiu do debate nessa manhã.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Srs. Vereadores, convidamos todos para o ato de instalação da Frente Parlamentar de Defesa da Criança e do Adolescente, dia 6 de agosto, às 17h, no Plenarinho da nossa Câmara. Todos estão convidados a participar desse ato.

O Ver. Carlos Pestana está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CARLOS PESTANA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, na minha primeira manifestação como Vereador, nesta Casa Legislativa, quero registrar a minha satisfação, a minha alegria em poder contribuir com esta Casa, que tem um papel fundamental na construção da nossa democracia. Desde já, espero que, com meu mandado, do meu gabinete, da minha presença aqui, eu me possa somar aos demais Vereadores da Casa, no sentido de construir soluções, iniciativas que venham beneficiar a nossa Cidade. Já tive a oportunidade de apresentar um primeiro projeto, é um projeto que visa dois aspectos: um, é uma homenagem ao Orçamento Participativo. Projeto que institui o dia 11 de setembro como o Dia da Democracia Participativa na nossa Cidade. A primeira reunião do Orçamento Participativo realizada na nossa Capital, a primeira assembléia que deliberou sobre os recursos aconteceu no dia 11 de setembro de 1990. As assembléias aconteceram de 11 a 16 de setembro. Eu tive a iniciativa de prestar essa homenagem a todos homens e mulheres que construíram essa nova forma de gestão pública, essa nova forma de deliberação dos recursos públicos, visando dar transparência e visam, também, dar ao cidadão a possibilidade e o seu direito de participar na escolha, na definição dos investimentos na sua cidade. Essa experiência que foi há pouco reconhecida no relatório da ONU de Desenvolvimento Humano, onde há um parágrafo destacando a experiência do Orçamento Participativo como uma experiência extremamente positiva devendo ser recomendada para as outras capitais do nosso País. Pois bem, com base nesses dois aspectos, num primeiro em homenagem aos homens e mulheres que durante esses treze, quatorze anos continuam construindo esse processo, como um processo democrático de participação direta, mas, também, como uma de forma de afirmar uma nova forma de gestão pública, uma nova forma na condução da coisa pública visando a melhor aplicação dos recurso, visando dar o máximo de transparência aos investimentos que decidi entrar com esse Projeto instituindo o dia 11 de setembro como o Dia da Democracia Participativa. É uma pequena homenagem, uma pequena manifestação, mas acho que tem uma simbologia muito forte, quando esta Casa, nas próximas Sessões estarão discutindo os recursos do nosso orçamento municipal. Tenho certeza que vou contar, se não com o apoio de todos, mas com a grande maioria desta Casa, no sentido de instituirmos o dia 11 de setembro como o Dia da Democracia Participativa, mesmo aqueles que eventualmente discordam da forma do Orçamento Participativo, haverão de concordar que neste período poderemos fazer uma profunda reflexão sobre a participação direta do cidadão e sobre um profundo debate sobre a nossa democracia.

Então, queria aproveitar essa oportunidade e concluo, desde já, para pedir o apoio de todos os Vereadores, no sentido de aprovar esse Projeto de Lei para que a partir desta data do dia 11 de setembro já possamos celebrar essa experiência, que é uma experiência rica, uma experiência reconhecida internacionalmente, como um modo de gestão, um modo de participação que deve ser reproduzido nas demais capitais do nosso País. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há certos mecanismos que, de repente, ganham fóruns regionais, nacionais e muitas vezes, até internacionais a partir de uma estrutura de marketing e de desenvolvimento de um trabalho muito bem urdido, e isso foi construído com muita propriedade, internacionalmente, pelo PT a partir de Porto Alegre, que é essa estrutura de marketing do Orçamento Participativo. Eu lamento até que, neste momento, eu, que tive a atenção toda voltada para esse debate proposto pelo novo Vereador, que assume aqui o seu mandato, o Ver. Carlos Pestana, não pudesse, aqui, assistir a nossa intervenção, já fico feliz que neste momento ele retorna ao Plenário para refletir sobre isso.

Vereador, nós, nesta Casa, estamos, talvez, ainda, neste ano ou no ano que vem, prestes a tomar uma iniciativa que foi um compromisso de campanha, em 1991, do então candidato a Prefeito de Porto Alegre, o Dr. Tarso Genro, que, naquela oportunidade, assumiu o compromisso com diversas comunidades de transformar o Orçamento Participativo em lei. Não há dúvida nenhuma de que a construção da democracia participativa e sua realização é um trabalho que deve ser gradual, porque ela tem uma importância muito grande na contemporaneidade. Agora, ela não pode nascer para contrapor-se à democracia representativa. E, para isso, seu candidato à Presidência da República, Luís Inácio Lula da Silva, teve a sensibilidade de compreender que a experiência do Orçamento Participativo deveria ser institucionalizada. Nós não estamos aqui para fazer coro com setores conservadores que pretendem eliminar a participação da comunidade, da sociedade como um todo, que se manifesta através dos mecanismos da democracia participativa. Mas a experiência dos senhores, a experiência do PT, infelizmente, da forma como ela tem sido levada, está gradualmente desacreditando a própria estrutura desse extraordinário instrumento, que é o Orçamento Participativo. Eu não estou aqui numa posição conservadora, Ver. Carlos Pestana, contestando o Orçamento Participativo, ao contrário, acho que ele tem de, primeiro, viver harmoniosamente com a democracia representativa. Eu não posso usar apenas a democracia participativa como estratégia para destruir a democracia representativa. Eu sou um homem que teve sua origem política na esquerda, militei em partidos de esquerda clandestinos, por muitos anos. Infelizmente, os partidos que ainda têm aquelas raízes leninistas, stalinistas teimam em usar apenas a democracia como instrumento e meio, e não a democracia como um fim em si próprio. São estas as minhas dúvidas e quero que V. Ex.ª, que vem a esta Casa, trazendo uma nova experiência, reflita sobre essas questões. Eu sei que há setores, aqui, do seu Partido, que pensam como eu. Veja, às vezes, há alguns homens públicos que se apresentam como grandes defensores de uma via democrática, mas não o são. Eu até estou aqui elogiando o candidato de V. Ex.ª, que quer a institucionalização do Orçamento Participativo, porque o Orçamento Participativo sem lei significa instrumento de manipulação político-eleitoral. Eu acho que nós temos de construir uma sociedade mais séria, mas transparente e esse instrumento não pode, Ver. Carlos Pestana, não pode, Ver. Marcelo Danéris, ser desacreditado. Se nós o usarmos mal, faremos como a União Soviética fez com o socialismo: transformou o socialismo nesse monstro. Muitas vezes, a gente não consegue sustentar o socialismo, porque o socialismo se desacreditou no mundo, em função das experiências do bloco do Leste Europeu perseguindo, matando, castigando, como fizeram com milhares e milhares de pessoas de quem eles não admitiram a oposição, desde Lênin e desde Stalin. A minha única dúvida, que certamente eu coloco a V. Ex.ª, para encerrar, Sr. Presidente, que eu não vou conseguir responder é a seguinte: eu não sei se Trotski, se tivesse sido vitorioso e derrotado Stalin, não teria sido mais cruel que Stalin. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra em Comunicações por cessão de tempo do Ver. Cassiá Carpes.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, o debate que nós estamos travando aqui não é um debate menor. Eu quero colocar algumas preliminares para depois adentrar no mérito desta matéria. A primeira é que o Ver. Carlos Alberto Garcia fez um relatório e não compareceu para votar. Portanto, é um Vereador fujão; fugiu do debate. Aliás, eu pedi que distribuíssem o relatório, porque ele não teve coragem de assiná-lo. Segundo, dizer o que nós já dissemos aqui e reafirmamos: concordamos com o teor do panfleto. Não fomos nós que o fizemos, mas concordamos com ele.

Mas a questão de fundo que temos de analisar é muito grave, porque quando a gente vê um organismo internacional denunciando o Rio Grande do Sul como cerceamento de liberdade de informações, a gente começa a ver essa teia. Mas eu olho para trás, Ver. Carlos Pestana, e os outdoors desta Cidade, em muitas ocasiões, com a assinatura do seu Partido, ali colocavam as votações do Congresso Nacional, da Assembléia Legislativa, dizendo as posições dos Parlamentares, e V. Ex.as aplaudiam isso. Agora, V. Ex.as estão recriminando isso, porque a sociedade organizada quer divulgar aquilo que se passa na Câmara de Vereadores. Imaginem, Srs. Vereadores, se o Jornal Nacional publicasse as votações da Câmara Federal, esse Congresso melhoria muito, porque não ficaria nesse negócio de votar no Congresso de um jeito e divulgar para o povo de outra maneira.

Então, o que está em debate é muito grave. Quando o Orçamento Participativo pega os ônibus da ATP e coloca ali algum quórum qualificado, que roda todas as assembléias do Orçamento Participativo, para afirmar aquilo que quer, e aquilo que não quer aprovar, aí é legítimo. Mas quando o povo se organiza e vem aqui na Câmara, aí o povo está sendo conduzido. Isso é um desrespeito com os senhores da Cruzeiro. Figuras que se construíram na luta popular estão sendo conduzidas por um Vereador? Eu não penso assim. Os senhores são os donos das suas verdades, das suas lutas e nós, apenas, somos parceiros delas. E vamos continuar caminhando nessa luta. Achamos que o Orçamento Participativo tem a sua legitimidade, mas ele não pode ferir a legitimidade de outras instâncias, e uma delas é a Câmara de Vereadores, como são as emendas populares e outros instrumentos que temos na Lei Orgânica.

Então, esse debate está mal encaminhado, e não sei por que tanta irritação. Estou completamente enganado, porque eu achava que a Casa dos Vereadores era a Casa do Povo, e continuo achando, mas quando o povo vem aqui, os Vereadores do Governo dizem que aqui não é a Casa do Povo. “Aqui não é a Casa do Povo”, foi o que ouvi desta tribuna, foi o que ouvi do “líder auxiliar dois” aqui desta tribuna, dizendo que o povo está pressionando.

Então, meus queridos Vereadores, nós queremos reafirmar aqui que somos contra o gasto com o Fórum Social sem a autorização desta Casa; queremos dizer que somos contra esta gastança com publicidade, que chega a treze, quatorze milhões, sem passar por esta Casa; queremos dizer que somos contra essa reserva de contingência, que utiliza o dinheiro para outras coisas e não para contingência. Talvez alguém não tenha verificado no Aurélio o que significa “contingência”, porque contingência não é dar aumento para funcionário nem dotação orçamentária para pagar funcionários. Eu quero dizer que nós vamos disputar uma a uma dessas emendas aqui. Perder ou ganhar é do jogo democrático! Eu não vou avaliar o mandato de nenhum Vereador. Quem avalia mandato de Vereador é o povo. De uma coisa eu tenho certeza: eu não fazer um discurso de oposição aqui e nos principais projetos que passam nesta Casa vou votar com o Governo. Isso eu não vou fazer. Eu vou votar sim com os projetos da Cidade, mas não vou... Aliás, Sr. Presidente, eu queria deixar o seguinte... O Ver. João Antonio Dib sabe que eu tenho uma admiração muito grande por ele, e não é pelo episódio aqui que nós vamos deixar de ter um bom debate e um bom diálogo. Procurei V. Ex.ª várias vezes, mas V. Ex.ª não me deu atenção para conversar sobre as emendas. Aliás, as duas vezes que fui no seu gabinete V. Ex.ª estava reunido com André Passos. Eu não pude conversar com V. Ex.ª, mas tenho certeza de que agora no debate nós vamos poder conversar um pouco mais sobre essas matérias e, conseqüentemente, o Plenário vai deliberar de forma soberana nesse debate. Quero afirmar: nós, continuaremos nessa luta, porque essa luta é popular, é da democracia, é da afirmação, e aqui, evidentemente, ninguém vai colocar cabresto em ninguém, nem eu vou colocar cabresto, mas também não vou aceitar tutelar a maneira de conduzir, a maneira de debater e a maneira de construir a relação com a sociedade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, quero fazer um registro. É que talvez os Srs. Vereadores não saibam, mas eu sou o 1º Vice-Presidente desta Casa, e hoje, de manhã, eu estava num ato na Escola Gema Belia, comemorando os 30 anos da Escola, quando foi assinada com a Secretaria de Educação do Estado a compra de um prédio ao lado da atual Escola. Por sinal é um prédio que foi comprado da antiga CRT, ou seja, o Governo comprou algo que era seu próprio. Estávamos lá representando a Casa e outro Vereador também acompanhou o ato, o Ver. Estilac Xavier.

Gostaria de deixar esse registro, porque nós não conseguimos chegar no horário aqui, mas chegamos às 10h30min.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, o debate hoje nesta Casa Legislativa demonstra que alguns Vereadores não estão preparados para se dirigirem à população de Porto Alegre com o devido respeito, Ver. João Antonio Dib, e com o devido linguajar, inclusive, nesta tribuna. Não é tradição na Câmara de Vereadores rebaixar o debate da forma de como está sendo rebaixado. O Ver. Sebastião Melo, além de nesta tribuna usar o linguajar mais rebaixado talvez já visto nesta Câmara, ainda pretende atacar vários Vereadores, a metralhadora giratória ataca para todos os lado, envolve todos os Vereadores, dono da verdade, na soberba da sua autoridade, como quem é a majestade do bem, que aqui é o que sabe fazer tudo mais certo que todo mundo, do que o Executivo, do que todos os Vereadores. Mas eu quero lembrar a população de Porto Alegre que foi o mesmo Ver. Sebastião Melo que atacou de forma grosseira o Ver. Pedro Américo Leal; foi o mesmo Ver. Sebastião Melo que fez um panfleto atacando de forma grosseira o Ver. Isaac Ainhorn e o Ver. Reginaldo Pujol; foi o mesmo Ver. Sebastião Melo que agora ataca o Ver. João Antonio Dib, o Ver. Adeli Sell, o Ver. João Carlos Nedel e o Ver. Carlos Alberto Garcia. Diz nessa tribuna que não está preocupado, porque aqui nada funciona mesmo, a maioria aqui não funciona, só ele funciona. Existe Comissão de Ética, só se for uma “Autocomissão de Ética”. Ataque em panfletos como esse, que é o mesmo panfleto de release que o Ver. Sebastião Melo sempre faz e que nós tantas vezes viemos nesta tribuna denunciar, é o mesmo tipo de panfleto, lembrarão os senhores e senhoras, que dizia : “Lixo na Zona Sul “para uma unidade da FEBEM, hoje a FASC está indo para lá. As crianças eram lixo naquele panfleto dele. Tenta fazer um terrorismo na Vila Tronco, como se as pessoas não fossem informadas ou não buscassem pelo menos a informação. Não tem a coragem de assinar um panfleto e se esconde atrás da comunidade. Põe em nome da comunidade, mas tem que ter coragem de assinar. Aqui, a Bancada do Partido dos Trabalhadores tem uma posição sempre muito firme, assina e vem mostrar aqui a cara para defender as suas idéias. O Ver. João Antonio Dib é para nós, quem sabe, o maior opositor do Executivo aqui na Câmara, mas é preciso fazer uma ressalva: o Ver. João Antonio Dib não é irresponsável com os destinos da população de Porto Alegre, defende um outro modelo. Várias vezes, nos enfrentamos aqui e continuaremos nos enfrentando, assim como o Ver. Reginaldo Pujol, assim como o Ver. Isaac Ainhorn, que também foram agredidos pelo Ver. Sebastião Melo, mas nunca a Bancada do Partido dos Trabalhadores ou qualquer um desses Vereadores publicaram um panfleto ofensivo, Ver. Isaac Ainhorn, dessa ordem. Nunca a Bancada do PT fez isso, nunca a Bancada do PDT fez isso e nem a Bancada do PPB fez isso.

Agora é preciso ter coragem de assinar. Nós temos coragem de dizer com convicção no que defendemos. Assinamos e não nos escondemos atrás da comunidade. Mostramos a nossa cara! Tem de ter coragem e história para fazer isso. A Câmara Municipal não pode permitir uma seqüência dessa ordem. Eu pergunto aos Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras até quando se pode fazer qualquer coisa em nome de aparecer em manchetes de jornais? Até quando se pode escrever qualquer coisa, iludir a população, tentar usar uma vila, como a Vila Troco, para se eleger? Não podemos permitir isso. Temos de ter conduta e firmeza naquilo que defendemos, mas temos de assinar o que falamos e assumir as conseqüências e não nos escondermos atrás de uma comunidade, que nem sequer está sabendo do assunto, a não ser meia dúzia de apoiadores que vão lá e escrevem, distribuem e sequer assinam e têm coragem de mostrar e dizer: “Fui eu quem assinou isso”. Vamos fazer valer a história desta Câmara Municipal, que é muito mais bonita para a população de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações, por cessão de tempo da Ver.ª Clênia Maranhão.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, alguns dias atrás, com muito orgulho, encontrei nos corredores da Casa um ex-servidor do DMAE, e ele me disse que gostava de ver como eu trabalhava no DMAE – nas duas vezes que fui Diretor-Geral – com a porta aberta.

Agora vou-me dirigir ao Ver. Sebastião Melo. Ver. Sebastião Melo, um dia eu ousei fazer uma definição de política dizendo que política é a realização do bem comum com educação. Eu acho essencial, para o homem público, a educação. É indispensável para o homem público a educação.

Eu tenho um passado que me dá tranqüilidade, e V. Ex.ª apenas confirmou. Mas devo dizer a V. Ex.ª que V. Ex.ª não foi ao meu Gabinete, o seu assessor foi ao meu Gabinete e lá estava, sim, André Passos, e eu não tenho por que não recebê-lo porque sou um homem educado, sou um homem culto – não tenho medo de dizer que sou homem culto -, sou um homem experiente – a vida me deu experiência -, não foi por nada que fui seis vezes Secretário, não foi por nada que fui duas vezes Assessor-Engenheiro, não foi por nada que eu busquei solução para os problemas desta Cidade, mas sempre trabalhei com a porta aberta, sempre recebi todos que me procuraram. E, na sexta-feira, os moradores da Cruzeiro do Sul saíram abraçados comigo, sim, porque eu não os agredi nunca, eu os atendi sempre. Eu fui Prefeito e atendia as pessoas. Eu fui Secretário e atendia as pessoas. Não precisava marcar hora quando eu era Secretário, era só chegar no meu Gabinete, sentar e esperar para ser recebido. Eu não tinha nenhuma razão para não ter sempre boa educação. Agora, sobretudo para com todas aquelas pessoas que eu convidei para o meu gabinete ou para a Comissão que eu presidisse, eu fui muito atento, eu fui muito cavalheiro. É importante que seja assim. Eu, às vezes, me sinto mal na Comissão de Finanças, no que se refere – não vou dizer arrogância, prepotência, mas devo achar uma palavra semelhante para dizer – à forma de tratar aqueles que por nós são convidados e comparecem.

Eu volto a dizer: sou um homem educado, eu atendo qualquer pessoa em qualquer lugar e a qualquer hora! O povo desta Cidade que diga, nas ruas desta Cidade, se alguma vez eu não parei para atender alguém que queria reclamar, queria sugerir, queria propor! Que diga! O carinho com que as pessoas me recebem é porque a porta sempre estava aberta! O seu assessor não utilizou a porta aberta. Será que terá ficado com medo do Sr. André Passos? Ele não me assusta, eu sou um homem absolutamente tranqüilo! Atendi centenas, milhares de pessoas, com muita paciência, com muita tranqüilidade. E, algumas vezes, eu ficava olhando, olhando, e a pessoa ia levantando a voz e eu, quieto. De repente, eu dizia: “V. S.ª não está confundindo bondade com fraqueza? Porque eu, de fraco, não tenho nada. Quer uma demonstração de força?”

Aí, a pessoa se dava conta que estava falando com um homem educado, com um cavalheiro, que sabia o que tinha que fazer, sabia o que tinha que responder, sabia dizer “sim”, sabia dizer “não”, procurava a verdade. Eu sempre procurei a verdade, não quer dizer que eu a tenha sempre encontrado, não sou o dono da verdade, mas a verdade me move. E quando os interesses da Cidade estão em jogo, eu sou cidadão, eu vim aqui trazido pelo povo, cada vez com mais votos do que na eleição anterior, para que, confiando em mim, eu os ajudasse nas soluções e nunca criasse problemas. Eu não quero criar problema, discuto todas as matérias que quiserem discutir nesta tribuna, mas com elegância, com conhecimento, com competência, porque, se eu não tiver conhecimento, eu não falo. E um dos grandes erros deste País é muita gente falar do que não conhece. E o outro é o de muita gente dar o que não é seu, porque quem dá o que não é seu, também toma o que não é seu! Por isso o indivíduo tem que ter linhas definidas, aí ele pode trabalhar com a porta aberta e receber quem aparecer sem medo nenhum, porque não existe maldade que pegue em quem não tem maldade! O povo sabe muito bem quem o recebeu sempre. E, como eu disse, lá na Vila Cruzeiro do Sul, quando tinham problemas, milhares de desempregados, eu disse que empregava todos e empreguei todos os que compareceram. Na verdade, foram só duzentos e dez, mas foram empregados para trabalhar na Cruzeiro do Sul, para resolver problemas da Cruzeiro do Sul, que foram resolvidos. É por isso que, quando eu saí, na sexta-feira, recebi abraços carinhosos. Espero que eu continue recebendo muitos abraços assim, porque eu vou continuar o mesmo João Dib: simples, sincero, educado. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, eu teria quatro assuntos para abordar hoje nesta tribuna, mas, como o tempo é curto, vou falar de uma forma sintética. O primeiro deles é, mais uma vez - depois de tantas vezes que tenho me pronunciado desta tribuna -, sobre a insegurança que vivemos.

Meu caro Ver. Pedro Américo Leal, quem mora na Zona Sul de Porto Alegre verifica que mudou o quadro sobre a situação de insegurança. Antes eram adultos, adolescentes; pasmem, agora são crianças que estão assaltando. No último fim de semana, o minimercado da nossa região foi assaltado por quatro crianças - estou vendo que os Vereadores estão me olhando estarrecidos -, mas a média de idade das crianças é de 7 anos de idade, com arma de fogo. Se alguém tiver dúvidas, está lá o comerciante e está lá a Brigada Militar que atendeu à ocorrência: 7 anos de idade. Abriram o caminho a tiros, estavam lá no fim da linha os motoristas da Empresa Padre Réus. Vejam V. Ex.as!

Segundo assunto, hoje de manhã no Programa Polêmica, fiquei sabendo que o Poder Judiciário, para mudar o Código Penal, decidiu acabar com a Lei do Flagrante. Eu não sei mais o que se passa na cabeça dessa gente! Acabar com o flagrante! Estamos em uma total insegurança, e agora querem acabar com o flagrante? Sinceramente eu não estou entendendo mais nada.

Terceiro assunto, ontem tivemos a oportunidade de assistir ao primeiro debate dos quatro candidatos presidenciáveis: Lula, Serra, Anthony Garotinho e Ciro. Penso que não temos dúvidas...

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Nós lembramos a V. Ex.ª que não podemo-nos referir à campanha eleitoral no Plenário desta Casa.

 

O SR. ERVINO BESSON: Então retiro o que estava dizendo e peço desculpas, Sr. Presidente.

O quarto assunto, que eu não poderia deixar de falar, é a respeito da reunião que tivemos aqui, da COSMAM - Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara Municipal - onde tinha aproximadamente - entre médicos, odontólogos e técnicos da área da saúde - cento e cinqüenta, cento e oitenta pessoas.

Eu acho ideal um debate com o contraditório, onde há o choque de idéias; o Parlamento, a Casa do Povo, eu acho que é para isso.

Mas pasme, Sr. Presidente, o Dr. Armando De Negri, que aqui estava representando a Secretaria de Saúde do Município... O Dr. Joaquim Kliemann, com quem nós tivemos alguns debates na Comissão, é um homem tranqüilo, um homem que conhece, e nós tivemos condição de fazer um debate amplo e tranqüilo com o Secretário. Agora, o Dr. Armando, que veio aqui na sexta-feira representando o Secretário, ele esqueceu - eu acho - que veio aqui representando uma Secretaria, meu caro Presidente, Ver. Dr. Goulart. Esqueceu! No mínimo, meu caro Presidente, ele colocou sob suspeita a Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara Municipal, no mínimo! E no último pronunciamento do Dr. Paulo de Argollo Mendes, Presidente do Sindicato Médico, estava na Mesa o Dr. Armando - a reunião estava sendo encerrada, apesar de ser uma reunião acalorada, mas é aqui na Casa do Povo que temos que discutir tais problemas - levanta-se e se dirige de uma forma extremamente inoportuna. E eu vi a forma como ele se dirigiu ao Ver. Aldacir Oliboni, e eu me virei de costas e olhei para o Ver. Aldacir Oliboni e o Vereador estava estarrecido, tal a forma como o Dr. Armando veio aqui representar a Secretaria de Saúde do Município.

Pasmem, senhores, estava aqui presente o Presidente da Associação Médica do Estado do Rio Grande do Sul. Homens preparados, homens que estão aí para amenizar o sofrimento e salvar vidas. Tivemos oportunidade de ver atitudes como essas, o que nos entristece de uma forma muito pesarosa. Tenho certeza de que o Ver. Aldacir Oliboni, que faz parte da Comissão e que é querido por todos desta Casa, levou ao conhecimento do Líder da Bancada do PT e do próprio Secretário da Saúde do Município. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, assistindo a um noticiário na semana passada, lembrei-me do Ver. Pedro Américo quando um ato de governo, uma política de governo depõe contra uma instituição, como a decisão tomada pelo Governo no sentido de dispensar quarenta e quatro mil soldados das Forças Armadas em nome da economia. Mas que economia? Um ato absolutamente tolo e caduco. Queremos, aqui, manifestar o nosso repúdio à atitude do Governo Federal, desastrosa, quando dispensa quarenta e quatro mil soldados das Forças Armadas em nome da economia. E a economia social, que é a mais importante das economias? Parece que o Governo Federal não tem a necessária clareza para o problema.

Poderíamos, aqui, examinar a matéria sob os seus diversos ângulos. Primeiro, do ponto de vista da importância de o jovem ter um período de prestação de serviço às Forças Armadas, a importância disso do ponto de vista da sua inserção, do seu preparo para a vida.

Podemos falar do jovem que passa por uma crise profunda na sociedade brasileira, especialmente na sociedade brasileira. Quando se deveria ampliar o serviço militar, quando se deveria criar novos mecanismos para trazermos a juventude ao serviço militar, com suas disciplinas de civismo, um conjunto de ações que se desenvolvem nas Forças Armadas no sentido de chamar a atenção do jovem para o cumprimento do dever, com uma nova concepção, uma concepção democrática, o Governo, equivocadamente, lamentavelmente, dispensa quarenta e quatro mil soldados. E, aos poucos, vai-se terminando, com essa ótica, o serviço militar, que é extremamente importante, é fundamental para a formação, para o civismo da Pátria. Nós somos um continente com 8 milhões de quilômetros quadrados e se quer atingir exatamente aquele setor do Estado, que são as Forças Armadas. Parece que se quer abrir as fronteiras brasileiras para o saque, seja ele da forma que for. É uma visão política extremamente equivocada do Governo, que vai ter um preço. E haverá, Ver. Pedro Américo Leal, de ter um preço, porque nós não podemos aceitar que se deponha contra esse instituto histórico, que é a prestação do serviço militar, que prepara o jovem para as missões cívicas. Nós queremos lamentar essa atitude do Governo. Estamos entrando com um pedido de homenagem ao Dia do Soldado, no Grande Expediente, para aproveitarmos o momento para chamar atenção para essa desastrada medida do Governo Federal em nome de uma economia. Que economia é essa? Economia monetária, esquecendo da economia social, onde o Governo, de forma desastrada, demite quarenta e quatro mil jovens, e a televisão, os jornais, os meios de comunicação deram a medida emocional do acontecimento.

Fica, portanto, a nossa manifestação de absoluto, total e rotundo repúdio à decisão governamental. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Dr. Goulart está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DR. GOULART: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, na sexta-feira próxima passada tivemos, aqui nesta Casa, uma reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente. Essa reunião foi solicitada pelos médicos do Município. A Comissão achou por bem atendê-los, uma vez que vem lutando tanto pela saúde nesse um ano e meio que passou. Por que os médicos e odontólogos do Município pediram a reunião? Para, da maneira mais correta possível, começarem um entendimento com o Executivo. Da maneira mais correta possível, por quê? Porque muitos entre eles queriam fazer greve. O serviço de saúde sem médico e dentista não tem razão de ser. Eles queriam parar de atender, queriam fazer greve, por quê? Porque acham que a situação física dos postos de saúde não está bem, porque acham que a história da medicação não está funcionando, porque acham que serviços completos como realiza um cirurgião, como realiza um clínico não estão sendo valorizados e atendidos pelo Governo; porque acham, e aí não tem nada de maneira ideológica, que o Governo Central também tem que fazer a sua parte melhorando o teto para a resolução, mostrando aí que não existe ideologia nenhuma contra qualquer tipo de filosofia pensante do Executivo neste momento. Reunimo-nos várias vezes. Várias vezes o Presidente da Comissão de Saúde, desde que era Vice-Presidente da Comissão de Saúde, reuniu-se com esses médicos, com esses odontólogos e resolvemos por não fazer greve, que é um direito sagrado dos trabalhadores, o qual vem sendo desrespeitado por todos os governos, por todas as ideologias. Quando se faz greve, aquele que incita a greve se sente ofendido, e não quer que façam greve, aí não dá para entender qual o direito da greve. Quando se faz greve contra a outra ideologia, bate-se palma. E os médicos, depois de muito estudar e conversar sobre a situação, entenderam que fazer greve contra o Município era ruim para quem? Para o doente - razão última do nosso trabalho e do nosso atendimento. Para isso fizemos a primeira reunião e para isso esperávamos o Secretário de Saúde aqui, neste Plenário, para conversarmos sobre a situação que preocupa os médicos. Porque os doentes estão preocupados há muito tempo, e ninguém houve, ninguém “dá bola”, ninguém diz nada. O representante do Secretário disse aqui que existem problemas. E “que problemas”, quando é na saúde, Ver. Aldacir Oliboni. Os doentes, os paciente falam e ninguém ouve, ninguém “dá bola”. Eu venho aqui, grito nesta tribuna, e ninguém dá bola, e agora todos os médicos resolveram falar; todos juntos. E começando por fazer uma reunião para saber do Secretário Municipal de Saúde como é que ele vai encaminhar essa preocupação que não é mais só da Secretaria, porque eles disseram que estão preocupados. A preocupação não é mais só da Comissão de Saúde que faz a delação, não é só mais dos doentes, agora é dos profissionais que atendem. É evidente que veio para cá, em vez de vir o Secretário, um representante do Secretário, e aí, meu amigo Ver. Aldacir Oliboni e meu querido Líder, jovem e querido amigo Ver. Marcelo Danéris, tem de vir para cá uma pessoa que tenha diálogo, para conversar, quando o Secretário não puder; porque o Secretário tem diálogo, pelo menos tem tido conosco, não cumpre as coisas, é lógico, mas diálogo pelo menos ele tem, ele é um homem inteligente. Não pode mandar um representante truculento, não pode mandar um representante que diga palavrão para o Presidente do Sindicato, não pode mandar um representante que diga que a Comissão de Saúde trata de maneira desonesta o assunto; não pode, isso é proibido. A não ser que queiram romper a conversa, a não ser que queiram romper um trato social que temos de fazer. E sabe, a Bancada do Partido que governa, que este Vereador está afeito ao entendimento, afeito à conversa, afeito à negociação, afeito a resolver os problemas de quem sofre.

Por favor, na próxima reunião, se o Secretário Municipal da Saúde não puder vir, mandem um cônsul para cá; porque só os cônsules procurarão o entendimento. Truculência entre nós, já chega. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

1ª SESSÃO

 

PROC. 0028/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 018/02, de autoria do Ver. Cassiá Carpes, que concede o Prêmio de Educação Thereza Noronha ao Professor Ênio Roberto Kaufmann.

 

PROC. 2142/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 045/02, que declara de utilidade pública a Fundação Central Sul-Americana para o Desenvolvimento de Drogas Anticâncer - SOAD.

 

PROC. 2155/02 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 004/02, de autoria do Ver. Beto Moesch, que acrescenta o inciso VIII ao § 1º do art. 236 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre.

 

PROC. 2185/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 130/02, de autoria do Ver. Luiz Braz, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Dr. José Sperb Sanseverino.

 

PROC. 2215/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 131/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Monsenhor Augusto Dalvit.

 

PROC. 2227/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 080/02, de autoria do Ver. Nereu D'Avila, que concede o troféu Honra ao Mérito ao Padre Cláudio Mossi Damé.

 

PROC. 2252/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 132/02, de autoria do Ver. Sebastião Melo e outros, que altera a Lei nº 7.855, de 25 de setembro de 1996, que oficializa, em Porto Alegre, a Semana Farroupilha e dá outras providências.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 1087/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 061/02, de autoria do Ver. Paulo Brum, que concede o troféu Honra ao Mérito ao Senhor Mario Fernando Degani.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

(O Ver. Aldacir Oliboni assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, acho que agora volta a serenidade a esta Casa, porque entramos no período de Pauta. E começou a correr Pauta no dia de hoje uma proposição do nobre Ver. Luiz Braz que deseja homenagear a figura extraordinária do Dr. José Sperb Sanseverino. Tive o prazer, em duas administrações desta Cidade, nas administrações de Loureiro da Silva, onde ele foi Secretário de Governo e eu Secretário dos Transportes, de conhecer de perto essa figura maravilhosa. E a outra oportunidade foi na administração Villela, onde ocupei tantas funções, e ele foi Presidente da PROCEMPA. Ele teve muitos cargos, ele foi Vereador nesta Cidade, foi Deputado Estadual, foi Presidente da Assembléia, mas tudo isso é muito pouco para dizer da extraordinária pessoa que ele é. Ele é o homem, hoje, que leva a Santa Casa à frente, é o homem que tem dedicado todos os seus dias ao progresso da Santa Casa, continuando as obras de Dom Vicente Scherer, de João Polanczyk e de tantos outros que fizeram daquela instituição um modelo não só para o País, mas até para fora. Porque o que se faz em matéria de transplantes, em matéria de atendimento à coletividade, lá na Santa Casa, é algo que impressiona. Nem falar nas ambulâncias, da ambulância-terapia que vem do interior do Estado e os pacientes são despejados nas portas da Santa Casa e ali sendo atendidos.

Então, essa proposição do Ver. Luiz Braz é das mais corretas, sem dúvida nenhuma. É muito bom que se faça uma homenagem a um homem enquanto vive, reconhecendo todo o seu passado de trabalho, toda a importância que ele deu a esta Cidade, ao seu Estado e, hoje, à Santa Casa de Misericórdia, que é uma instituição ligada ao coração de todos nós.

Portanto, cumprimento o Ver. Luiz Braz e digo que hoje se propõe uma das homenagens mais justas que esta Casa tem feito quando propõe um título de Cidadão de Porto Alegre ao Dr. José Sperb Sanseverino - pessoa humilde, modesta, que não procura os holofotes, merece essa homenagem. E eu tenho a certeza de que no dia em que ele aqui estiver para receber a homenagem todos os Vereadores estarão aqui para aplaudi-lo. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, em 1.ª Sessão de Pauta há alguns Projetos de homenagens e um visa a conceder o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Monsenhor Augusto Dalvit. O Monsenhor Augusto Dalvit, quando pedi sua autorização para que fosse encaminhado este Projeto, autorizou da seguinte forma: (Lê.) “Consultado se aceitaria o convite para receber o Título de Cidadão Honorário de Porto Alegre, comunico-lhe que aceito o honroso convite. Vivo há 54 anos em Porto Alegre, cidade que aprendi a amar e a servir com dedicação, que me acolheu quando eu tinha sete dias de padre. Para a glória de Deus - a quem amo -, e o bem da Igreja - a quem sirvo -, se me for concedido o Título de Cidadão Honorário, repartirei a honra com todos os habitantes desta amada Cidade. Agradeço ao senhor pela indicação. Cordialmente, Monsenhor Augusto Dalvit.” São pessoas assim que nos enchem de alegria e que nos fazem admirá-los, cada vez mais. Pessoa que se dedica a esta Cidade há 54 anos, que trabalha todos os dias, desde cinco, seis horas da manhã, lá no Hospital Ernesto Dornelles, onde é capelão, acompanhando, vinte e quatro horas por dia, está sempre de plantão, tanto que reside nas dependências daquele hospital. Cuida dos enfermos, que constitui uma forma de amor fraterno, que constitui uma dedicação contínua, dia e noite.

Eu tenho certeza, Sr.as e Srs. Vereadores, que ao conceder o Título de Cidadão Honorário de Porto Alegre ao Monsenhor Augusto Dalvit esta Casa estará homenageando uma pessoa íntegra, uma pessoa ilibada. E justamente nesse dia em que decorre apenas um dia em que homenageamos, no mês vocacional, no mês de agosto, o Dia do Sacerdote, Monsenhor Augusto Dalvit, honra a sua vocação e é um homem de Deus a serviço do seu reino. Eu tenho a certeza de que a Câmara aprovará por unanimidade este Projeto.

O Ver. João Antonio Dib também falou na homenagem que o Ver. Luiz Braz propõe ao ilustre Dr. José Sperb Sanseverino, Provedor da Santa Casa de Misericórdia. Vários Vereadores tiveram a oportunidade de presenciar, recentemente, a inauguração do novo Hospital da Criança Santo Antônio. Lá se presta um serviço inestimável às crianças, ao futuro da nossa Porto Alegre, ao futuro do nosso Brasil. O Dr. José Sperb Sanseverino, que tão elevados serviços já prestou à comunidade brasileira e a Porto Alegre, vem dirigindo a Santa Casa com proficiência, com eficácia. Tenho certeza de que Porto Alegre saberá acolher esse cidadão com este título honorário. O Ver. João Antonio Dib já especificou as qualidades dessa ilustre pessoa - seus títulos e o serviço que prestou a nossa comunidade. Com certeza, esta Câmara saberá reconhecer o valor das pessoas, o valor do trabalho em prol do bem comum, e o Monsenhor Augusto Dalvit e o Dr. José Sperb Sanseverino honrarão nossa Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, hoje, na forma do Regimento da Casa, teríamos que instalar a Comissão Especial para analisar a Previdência. No entanto, o Ver. Juarez Pinheiro apresentou uma Questão de Ordem, discutindo o Regimento, que estabelece que são onze os Vereadores representantes na referida Comissão. Mas nós temos quatorze Vereadores representantes das Bancadas, e poderiam ser quinze representantes, pois o Ver. Haroldo de Souza agora está em Porto Alegre. Não foi instalada a Comissão – e seria hoje o último dia para sua instalação –, mas se fosse instalada hoje, e o Parecer da Procuradoria dissesse que realmente deveria ser cumprido o Regimento, ficando a Comissão com onze representantes, o que se faria? Coloco essa questão para ser analisada, e, quarta-feira, voltarei a discutir o problema. Eu entendia que a contagem do prazo deveria parar, porque, como disse, se fosse iniciada a Comissão com quatorze Vereadores, e a decisão fosse por onze, eu teria um problema sério. Nós queremos saber se a questão de ordem apresentada tem efeito suspensivo ou não. A informação que já me chegou é de que não teria, mas eu acho que tem.

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): A Mesa dá o efeito suspensivo, até porque o encaminhamento foi dado, e nós estamos aguardando retorno.

A Mesa constata que visivelmente não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 17h52min.)

 

* * * * *